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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Frente marítima do Centro do Rio terá nove praças às margens da Baía

 
Na travessia da Ponte Arnaldo Luz, que dá acesso à Ilha das Cobras, um deque em formato de V passará sobre as águas da baía - Guito Moreto / Agência O Globo

Por Rafael Galdo

Orla Prefeito Luiz Paulo Conde promete revelar ângulos antes escondidos da cidade do Rio

RIO — Saiu o cinza da Perimetral. Surgirão o verde das árvores e o colorido dos jardins. No caminho do elevado posto abaixo, a Orla Prefeito Luiz Paulo Conde integrará nove praças no Centro, das imediações do Museu Histórico Nacional até o Armazém 8 do Porto. Algumas são velhas conhecidas, como a reformulada Praça Mauá e a histórica Praça Quinze. Outras cinco são novidades que estimularão a redescoberta da frente marítima às margens da Baía de Guanabara. Um caminho que, quando a poeira das obras assentar, vai revelar ângulos antes escondidos da cidade. E que incluirá o acesso a um trecho, no contorno do Morro de São Bento, que ficou 252 anos restrito à Marinha, na área do I Distrito Naval.

Ao longo de 3,5 quilômetros, serão mais de 600 árvores plantadas. Para cada praça, afirma José Renato Pontes, presidente da concessionária Porto Novo, haverá um tratamento urbanístico e paisagístico específico, formando um corredor que se ligará também, por calçadas, à Praça Salgado Filho, em frente ao Aeroporto Santos Dumont, e ao Parque do Flamengo.

— Esse é o grande movimento: tiramos a Perimetral, os carros e o mergulhão, substituímos pelos espaços de convivência para o pedestre. A ideia é incentivar as pessoas a ocupá-los, como já ocorre de forma surpreendente na Praça Mauá, lotada nos dias úteis e também nos fins de semana — afirma José Renato, ressaltando que as novas praças ainda devem ganhar nomes oficiais.

VEJA DETALHES DOS ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

Partindo do Porto, a primeira área de lazer será o boulevard sobre o traçado da Avenida Rodrigues Alves, numa grande praça longitudinal entre os armazéns 1 e 8. O VLT também passará por ali. E o público poderá ter acesso à beira da baía quando ao menos quatro dos galpões (1, 2, 3 e 6) perderem o status de área de alfândega, o que já está acertado entre a prefeitura e a União. O Armazém 1, por exemplo, receberá o YouTube Space, com estúdios, cenários, cursos e workshops da empresa. Quanto ao 2 e ao 3, a ideia da concessionária Pier Mauá é transformá-los em polos de cultura, lazer e gastronomia, num projeto em fase de finalização.

UMA ÁREA PARA EXPOSIÇÕES

O corredor segue pela Praça Mauá e continua por um calçadão que cruzará a área da Marinha até a Praça da Candelária, uma esplanada com jardins que surgirá entre a igreja e o mar. Adiante, virá uma sequência de três áreas com propostas diferentes. A que tem sido chamada de Praça dos Museus ficará próxima à Casa França-Brasil, ao CCBB, ao Centro Cultural dos Correios e ao Museu da Marinha. O espaço deve ser transformado numa espécie de extensão desse circuito de arte.

— O lugar poderá receber exposições e instalações artísticas, além de servir de acesso aos museus — diz José Renato.

Uma praça será construída entre a Candelária e a baía, numa esplanada que terá jardins e árvores - Guito Moreto / Agência O Globo


Nas imediações das ruas do Ouvidor e do Mercado, ficará a Praça do Povo, destinada a eventos culturais, perto de onde acontece atualmente o concorrido Samba da Ouvidor. Colada a ela, próximo ao prédio da antiga Bolsa de Valores, haverá a Praça Corporativa: as pessoas que trabalham no Centro serão incentivadas a frequentá-la, na hora do almoço ou na happy hour. Já a Praça Quinze, com lajes sobre as antigas entradas do mergulhão, voltará a ter seu tamanho e concepção originais. Monumentos históricos como o Paço Imperial e o chafariz do Mestre Valentim vão manter o devido destaque na paisagem. Haverá também uma estação do VLT, para integração com as barcas.

O caminho se completará com outras duas áreas próximas ao Museu Histórico Nacional. Nesse trecho, a via expressa que ligará o Aterro ao Porto passará pela superfície, antes de entrar pelo maior túnel em área urbana do país, com três quilômetros de extensão. De um lado das pistas, junto à baía, a Praça Marechal Âncora, onde fica o restaurante Albamar, está sendo totalmente revitalizada e rearborizada. Do outro, o antigo terminal de ônibus da Misericórdia se transformará, de novo, na Praça da Misericórdia. Dois espaços que serão interligados por uma passagem por baixo da via expressa.

— A ideia é tornar essas áreas agradáveis e iluminadas, confortáveis e com sombra para as pessoas caminharem. Haverá também bancas de jornais, bancos no padrão dos da Praça Mauá e outros equipamentos — diz José Renato, lembrando que os projetos de paisagismo e urbanismo foram feitos pelos escritórios B+ABR Backheuser e Riera Arquitetura e Raiar Engenharia.

O conceito, para o arquiteto e urbanista Luiz Eduardo Índio da Costa, torna a cidade mais humana, priorizando o pedestre em relação ao urbanismo viário, voltado para os carros.

— Meu sonho seria estender esse conceito do Parque do Flamengo até o Galeão. Pode parecer utópico, como pareceu, a princípio, a retirada da Perimetral, mas não é impossível — diz ele.

OBRAS PRONTAS ATÉ OS JOGOS DE 2016

Já Pedro da Luz, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no Rio, destaca outro aspecto: a possibilidade de a nova orla mudar a relação da cidade com a Baía de Guanabara, que ganhará mais visibilidade. Ele aponta, contudo, um senão: o fato de as pistas de carros virem à superfície antes do Museu Histórico Nacional:

— Esse prédio é uma joia no trajeto. A travessia da beira da baía até o museu, na minha opinião, está mal costurada. As pistas no meio continuarão subdividindo esse trecho.

São essas praças que têm as obras mais adiantadas, assim como o boulevard do Porto. A inauguração deve acontecer nos primeiros meses de 2016. Nos trechos próximos à Candelária, ainda são realizadas obras de escavação do túnel da via expressa. A construção das praças começará à medida que essas intervenções forem finalizadas. A previsão é que todas fiquem prontas entre maio e junho, antes das Olimpíadas.

A NOVA FRENTE MARÍTIMA DO RIO

 

 





Fonte: O Globo


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Passeio que cruzará área da Marinha já está 65% pronto




Por Rafael Galdo

Carioca vai se reencontrar com cenário antes restrito, aos pés do Mosteiro de São Bento

RIO — O cenário no qual o carioca vai se reencontrar com o pedaço da orla que, desde 1763, estava restrito à Marinha já ganha formas, aos pés do Mosteiro de São Bento. Em torno de 65% das obras do passeio que ligará as imediações da Candelária à Praça Mauá estão prontas. Já se pode ver como ficarão o calçadão e os jardins no trecho de cerca de 600 metros. E, nos próximos dias, deve começar a construção que unirá os dois lados da frente marítima: um deque que avançará sobre a Baía de Guanabara, por baixo da Ponte Arnaldo Luz, que dá acesso à Ilha das Cobras.

Será um deque metálico de 70 metros de extensão, com acabamento de madeira, em formato de “V” ou de bumerangue, sustentado por estacas na rocha no leito da baía. Dali em direção ao Museu do Amanhã, está praticamente pronto o futuro calçadão com piso de granito e canteiros com jardins. Entre o passeio e a beira da baía, já pode ser vista também a faixa de areia, com vegetação de restinga, que caracterizará o trecho.

Para o outro lado do deque, no sentido Candelária, no entanto, será mantida a estrutura conhecida como Cais do Almirante, com escadas que dão acesso do calçadão à baía.

— Todos os elementos apontados como importantes pela Marinha serão mantidos. Esse é um deles, um cais usado em cerimônias oficiais — explica Alberto Gomes Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento da Região do Porto do Rio (Cdurp).

Segundo ele, em toda a sua extensão, o caminho terá entre sete e 12 metros de largura. Grades, no entanto, vão separar a área aberta ao público (na borda da baía) da que continuará sob o comando do I Distrito Naval. Mesmo assim, poderão ser vistos novos ângulos do Mosteiro de São Bento, uma das mais antigas construções do Rio (do século XVII), assim como os prédios da Marinha.

São edificações como a da sede do Comando do I Distrito Naval, construída pelos beneditinos no século XVIII, ou o austero Edifício Almirante Tamandaré, de 1935, em estilo art déco. Estarão à vista também os prédios geminados de 1828, onde hoje funcionam os setores de Seleção e de Identificação da Marinha, e o Edifício Almirante Júlio de Noronha, em estilo colonial, de 1819, ocupado atualmente pelo Estado-Maior da Armada e pela Diretória Geral de Navegação (DGN). Os pedestres poderão ainda observar prédios mais novos. Os antigos refeitórios dos marinheiros, que funcionavam em trapiches bem abaixo do Mosteiro de São Bento, foram demolidos e darão lugar a novos ranchos, que deverão ficar prontos em abril do ano que vem.

Fonte: O Globo


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