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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Surfistas exploram onda pesada que quebra sobre pedra na Ilha Mãe, em Niterói


 
Além de boas ondas, Ilha Mãe oferece um visual impar do litoral- Pedro Teixeira / Agência O Globo
  
A dois quilômetros de Itaipu, o novo point evita o ‘crowd’ e revela visual inédito do litoral

por Renan Almeida

NITERÓI - Aos olhos distantes, a imagem é de plena harmonia entre as dezenas de surfistas espalhados pelo mar num fim de semana de ondas e praia cheia. De perto, o clima é outro. Bate-bocas e competição acirrada em busca de ondas são frequentes e, por vezes, chegam às vias de fato, espirrando na imagem romântica que se tem do esporte. Mas, para bons observadores, há sempre uma maneira de fugir do tumulto e desfrutar o prazer de explorar novos quintais. Em busca disso, cada vez mais surfistas se aventuram numa onda niteroiense que até pouco tempo era pouco explorada, a laje da Ilha Mãe, uma das três ilhas localizadas em frente às praias oceânicas, a pouco menos de de dois quilômetros da Praia de Itaipu.

As ondas quebram tubulares, por cima de uma laje de pedra que é coberta por não mais de dois palmos de água. Um vacilo pode resultar em acidente grave. Ocorre que, quando a recompensa é um bom surfe, em ondas perfeitas, com apenas amigos à volta, os riscos parecem evaporar de alguma forma na cabeça dos praticantes. É o que diz o bodyboarder Henrique Brito, que já foi algumas vezes até lá. Segundo ele, a onda da ilha é a que quebra com mais frequência entre todas de Niterói.


A onda da Ilha Mãe quebra tubular sobre uma laje rasa de pedra. O surfista Égon Mattos experimenta uma - Pedro Teixeira / Agência O Globo


— Apesar de quebrar numa bancada bem rasa, na hora, o risco se transforma em adrenalina. Além de fugir do crowd (multidão), a chance de pegar onda perfeita na ilha é de quase 100% num dia sem vento e com a ondulação certa — explica o surfista, acrescentando que as melhores ondulações são as vindas das direções leste e sudeste.

De barco, leva-se cerca de 20 minutos saindo da Praia de Piratininga (de Itaipu o tempo cai pela metade), e vale o passeio até para quem não surfa. O cenário é paradisíaco e oferece uma perspectiva única do litoral, de frente para as praias e os costões de Niterói, além do recorte das montanhas do Rio.

— Apesar de Itacoatiara também ser uma onda tubular, é sempre bom surfar em lugares diferentes. Ali, quando você dropa, só vê a pedra embaixo, pertinho — descreve o surfista Égon Mattos.

UMA DESCOBERTA DO SUP

Mas não é de barco que a maioria das pessoas chega lá. A popularização das pranchas de stand up paddle (SUP) foi a maior responsável pela frequência cada vez maior de surfistas na Ilha Mãe. Meia hora depois que a equipe do GLOBO-Niterói chegou à ilha, um grupo de cinco surfistas apareceu, de SUP, carregando pranchinhas. Algum tempo depois, outros quatro surgiram remando. Um deles era Paulo Oberlander:

— O pico é muito irado, uma onda que quebra no meio do oceano, buraco, em cima de pedra e sem ninguém. É uma adrenalina diferente de surfar na praia, dá medo de tomar uma onda na cabeça — diz o surfista.

Ilhados. Apesar do acesso complicado, não é raro encontrar surfistas pela ilha - Pedro Teixeira / Agência O Globo


Para a tribo que pega onda, quem mora ou frequenta assiduamente uma determinada praia é respeitado como local. Nenhum surfista mora na ilha, mas Oberlander talvez seja a figura que mais se aproxima de um local ali. Praticamente toda semana rema até lá. Ele diz que o percurso dura pouco mais de uma hora.

Apesar dos riscos da laje, Oberlander conta que nunca passou sufoco nas suas aventuras, mas já precisou ajudar outros que tiveram dificuldades para retornar à praia na remada. Nas idas e vindas, esbarrou com baleias e golfinhos “várias vezes”. Tubarões ainda não:

— Mas estou louco para ver de perto, e saber qual é a do tubarão.

O remador Paulo Oberlander surfou de SUP na Ilha Mãe - Pedro Teixeira / Agência O Globo

Fonte: O Globo Niterói



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