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domingo, 12 de abril de 2015

Niterói no caminho dos Jogos Olímpicos de 2016


Os iates clubes da cidade já apresentam um aumento do fluxo de atletas estrangeiros para aclimatação na Baía. Foto: Evelen Gouvêa

Matheus Oliveira, Patrick Monteiro e Verônica Souza

A Cidade Sorriso, por estar muito próxima da cidade do Rio de Janeiro, tem tudo para colher frutos positivos deste momento tão importante para o desporto brasileiro

Faltando 480 dias para o início da Olimpíada do Rio, a essência da maior competição esportiva do mundo começa a ganhar não apenas a Cidade Maravilhosa, mas também a vizinha, Niterói. Reconhecida por sua história na vela, com destaque contemporâneo no badminton e atletas de destaque nas mais variadas modalidades, a Cidade Sorriso que possui uma posição geográfica privilegiada em relação ao Rio de Janeiro, tem tudo para colher frutos positivos deste momento tão importante para o desporto brasileiro.

Desde o ano seguinte aos Jogos de Londres em 2012, atletas estrangeiros já começavam a visitar a cidade para colher informações sobre a futura raia olímpica. Passados dois anos, esse fluxo de esportistas não para de crescer e o município deve receber atletas de outros esportes para treinos e hospedagem dentro do município de Niterói. Dentre os mais cotados para dividir esse “espaço” com os velejadores, estão esportes como o badminton e a maratona aquática.

Com esse mercado real e potencial, clubes da cidade correm para ajustar suas estruturas para atrair os estrangeiros e firmar vínculos com as delegações. No ramo hoteleiro, enquanto alguns estabelecimentos estão lotados para o período dos Jogos, outros hotéis começam a ser procurados e outras formas de hospedagem podem surgir até o evento. Já na economia, o setor de serviços da cidade não perde tempo e já qualifica seus profissionais para receber não apenas os atletas, mas turistas nacionais e internacionais e, por que não, o niteroiense, que terá a garantia de poder acompanhar de perto grandes esportistas entre o vai e vem da dinâmica urbana.

Técnico alemão aprova a cidade e o Clube Naval

A tradição na modalidade, a posição geográfica, o número de clubes náuticos e a presença de Axel Grael, de uma família tradicional na vela, na política - ele é vice-prefeito de Niterói - tornaram a cidade alvo das delegações que precisam treinar para a modalidade visando aos Jogos Olímpicos de 2016.

Além dessas credenciais, os estrangeiros costumam avaliar a cidade como “mais tranquila” do que a do Rio de Janeiro em relação a segurança pública e movimentação de turistas. Segundo Pedro Faria, chefe executivo da Pre Games Services, empresa responsável por ajudar as delegações a se instalarem na cidade, os estrangeiros avaliam Niterói como um local mais reservado e capaz de suprir as necessidades das equipes no que diz respeito a hospedagem e centro de treinamento.

“O Clube Naval de Charitas, o Iate Clube Brasileiro e o Jurujuba Iate Clube estão no site oficial das Olimpíadas como referências para as equipes. São lugares perfeitos para acomodação e treino”, avalia Pedro.

Com tantos atrativos, a cidade já acomoda atletas e técnicos de Alemanha, Estados Unidos, Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Áustria e Itália, enquanto as delegações de vela passam temporadas.


Cidade Sorriso que possui uma posição geográfica privilegiada em relação ao Rio de Janeiro, tem tudo para colher frutos positivos. Foto: Divulgação


“No Clube Naval, estão a Alemanha e os EUA, eles ficam 'indo e vindo' neste período de preparação. A nossa expectativa é receber ainda países como Suécia, Suíça, Japão e Inglaterra”, projeta Pedro.

Caso a expectativa se concretize, as novas delegações podem consultar os alemães sobre a impressão que tiveram das instalações do clube e da cidade e no que depender de Oliver Freiheit, técnico da seleção alemã paralímpica de vela, Niterói só receberá elogios.

“O Clube é um local muito bom. Aqui encontramos tudo o que precisamos como barcos e hospedagem. A cidade também é muito boa, nós estamos gostando de conhecer. O Clube Naval é o melhor lugar que poderíamos oferecer”, comentou o treinador

Oliver está na cidade há 15 dias acompanhado pelo engenheiro Bernard Kryszak. A dupla veio a Niterói para avaliar as condições do mar e do vento. O objetivo é conhecer o ambiente para fazer bonito nas Olimpíadas.

“A nossa expectativa é conquistar, no mínimo, três medalhas. Vamos pensando em ser o melhor que pudermos”, disse em tom animado.

nem mesmo a poluição da Baía de Guanabara tirou a empolgação do treinador. Ao tocarmos no tema, ele se disse “surpreso positivamente”.

“A Baía é bem suja, mas não é tanto quanto as pessoas falaram. Imaginei que estivesse pior. Em algumas área, você encontra muito plástico, mas acho que é possível melhorar. Na China encontramos um cenário parecido e lá, eles conseguiram melhorar bastante o aspecto quando os jogos se aproximaram”, comentou o técnico alemão.

Aprovada pelos alemães, conhecidos pelo perfeccionismo e rigidez, Niterói aguarda novas delegações para, enfim, confirmar o status de “cidade da vela”.

No mar – Se na vela, Niterói vem conquistando os estrangeiros, na maratona aquática e na natação, a cidade está deixando a desejar. Pelo menos foi essa a avaliação que fez Ricardo Ratto, diretor de maratona aquática da Federação Aquática do Rio de Janeiro (Farj).

Para ele, as águas calmas da Praia de Itaipú mereciam receber os atletas olímpicos, mas a falta de estrutura da cidade fez com que nenhuma equipe da modalidade fechasse com Niterói. Ricardo comentou que a Espanha o contatou há cerca de um ano, mas a falta de uma piscina olímpica (de 50 metros) fez os espanhóis desistirem.

“A única piscina com 50 metros está no Caio Martins, mas não sei como a Suderj - que administra o complexo esportivo - pretende usá-la. Equipes olímpicas buscam locais com conforto, espaço para treinamento funcional e piscina aquecida. Não acredito que, agora, farão esse investimento”, avaliou.

Apesar da falta de infraestrutura, Ricardo garantiu que na época em que os jogos acontecem, o mar de Copacabana costuma ficar agitado e que Niterói teria 100% de chance de sediar as provas da modalidade.

As instalações do Canto do Rio podem receber delegações de badminton. Foto: Douglas Macedo


Celeiro de talentos

Um esporte que mistura tênis e peteca está se desenvolvendo com diversos núcleos pela cidade e que tem uma niteroiense como a melhor brasileira do ranking mundial, podendo representar o município nas Olimpíadas Rio 2016. Este é o badminton que possui talentos como Fabiana da Silva, de 26 anos, oriunda de projeto social da Cidade Sorriso e que atualmente mora e treina em São Paulo. Além disso, Niterói também pode receber delegações internacionais antes e durante os Jogos Olímpicos, no Canto do Rio.

O badminton em Niterói possui vários núcleos na cidade como o do Caio Martins e o projeto social Pró-Cubango, comandado pelo ex-atleta e técnico Gabriel Alcântara. Os atletas deste projeto social também treinam no Jurujuba Iate Clube, clube fundador da Federação Carioca de Badminton e que por isso participa de diversos campeonatos pelo país. Esta equipe possui diversas promessas como Felipe Ribeiro (sub-15) no cenário nacional.

Gabriel Alcântara, porém, destacou que apesar dos bons resultados falta patrocínio aos atletas niteroienses e que a pirâmide no Brasil é invertida, pois atletas precisam primeiro conquistar bons resultados para obter incentivos.

Fabiana da Silva, por sua vez, representa um nome que vêm fazendo sucesso na carreira. Ela treina em São Paulo e disputa uma vaga nos Jogos, concedida ao atleta do país-sede, melhor ranqueado mundialmente. Ela falou sobre a expectativa para os Jogos do Rio.

“A disputa está grande pela vaga, e se as Olimpíadas fossem hoje, eu já estaria classificada, mas como a disputa para os Jogos só se encerra em maio de 2016, então tem muito tempo até lá”, afirmou ela, que disse sonhar com a disputa dos Jogos. O Pavilhão 4 do Riocentro na Barra receberá as competições do Badminton.

Fonte: O Fluminense









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