"JABUTICABA". Texto da ambientalista Dora Hees de Negreiros

Jabuticabeira



Jabuticabas.

 

JABUTICABA

Por Dora Hees de Negreiros



Dora Hees de Negreiros

 

 

No setor de frutas do mercado achei jabuticabas. Embaladas em uma caixinha de papelão com informações impressas, desde do peso e outras convencionas, até o nome científico e suas características nutritivas, vitaminas e sais minerais.

Lembrei das jabuticabas de minha infância, que chupava debaixo do pé que havia na casa de minha madrinha, em Petrópolis. Primos reunidos, trepando na árvore ou colhendo no próprio tronco, comíamos até não poder mais. Só sentindo sabor e grande prazer, completamente ignorantes de outras informações.

Agora devemos nos acostumar com as caixinhas. Caju, tamarindo, goiaba, abiu, só embalados no mercado. As cidades afastaram os cajueiros, tamarineiras, goiabeiras e nos tiraram o prazer de saborear diretamente suas frutas. Como é diferente o sabor de manga comida debaixo da mangueira e com o suco escorrendo pelos braços!




Aeroclube de Charitas. Ao fundo o início da praia de
São Francisco, anos 1940.

São Francisco, bairro de Niterói onde moro, era um grande areal repleto de pitangueiras e cajueiros. Tive a sorte de frequentá-lo chegando de bonde, antes do loteamento que o urbanizou. Naquele tempo os moradores da cidade eram chamados de "papa goiaba". Hoje, nem goiabeiras nem cajueiros ou pitangueiras existem.

Meus netos só conhecem frutas do supermercado. Têm acesso a muitas informações constantes das embalagens mas não conhecem o prazer de saborear jabuticabas debaixo do pé.

Fonte: Facebook de Dora Hees de Negreiros



----------------------------------------------

LEIA TAMBÉM:

OBRIGADO DORA HEES DE NEGREIROS: saudades da amiga, da militante ambientalista e da conselheira 

Outros textos de Dora Negreiros

Dora Negreiros registra um passado da Praia de São Francisco que se perde com a demolição do LIDO
"Tomara que chova", artigo de Dora Negreiros
A baía olímpica

Sobre a região da Enseada de São Francisco

PARNIT: Um pouco da história da Casa da Princesa, no Preventório, que terá um Centro de Convivência para Idosos