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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Arqueóloga prepara livro sobre o homem pré-histórico de Itaboraí


Horizonte. A arqueóloga Maria Beltrão na sua cobertura em Ipanema. Bárbara Lopes / Barbara Lopes


Maria Beltrão: a mulher das descobertas
Érica Magni

RIO - Há 45 anos, Maria da Conceição de Moraes Coutinho Beltrão mantém a rotina de fazer seu desjejum de frente para a janela que dá vista para as Ilhas Cagarras. Doutora em Arqueologia e Geologia — uma das pioneiras na exploração de sítios arqueológicos no país —, ela garante que, nos dias de chuva fina, a paisagem do mar de Ipanema é ainda mais fascinante. Com quatro filhos, dez netos e uma agenda sempre lotada de compromissos, Maria da Conceição está finalizando o livro “O menininho pré-histórico de Itaboraí”, infantil no qual vai contar detalhes sobre o mundo da Arqueologia, um assunto pouco difundido nas rodas populares. O projeto vai ser ilustrado e impresso em folhas de pano, para remeter ao tempo dos livros manuais, feitos antigamente na roça, pelas avós.

Como nasceu o projeto do livro infantil?

Atualmente, sou diretora do Parque Paleontológico de Itaboraí. A região é riquíssima em História. Quis abordá-la de forma lúdica, para que haja interesse das novas gerações sobre o assunto. A ideia é contar como vivia o primeiro homem pré-histórico daquela região.

"O Brasil é um grande sítio arqueológico, depende da profundidade que você cava" .

A senhora é membro da Academia Portuguesa de História e da Academia Brasileira de Letras da Bahia, tendo ganhado um prêmio pelo livro “O alto sertão”. Fale sobre a experiência.

Há 30 anos, coordeno estudos arqueológicos em uma região de cem mil quilômetros quadrados, incluindo o Oeste da Bahia. Lá, encontramos pistas sobre o cotidiano de 300 mil anos atrás. O livro traz anotações sobre terreno, chuva, seca, cordel, arte, História pré-História. O Brasil é um grande sítio arqueológico, depende da profundidade que você cava.

Qual é o desafio de estudar e atuar em Arqueologia hoje no país?

Precisamos de investimentos para que futuros estudos possam ser concretizados. Nossa História depende disso. Meu ideal é que o governo aloque um arqueólogo por município, para dar continuidade ao conhecimento e desvendar o que se esconde por trás de rochas e terra. Isso é fundamental.

No Nordeste, a senhora foi homenageada por um escritor popular, como foi?

Sim, eu fui eternizada. Paulo Cordel, escritor de Buíque (PE), falou do meu trabalho em versos. É uma homenagem linda.

A sua rotina é muito agitada. Quais seus programas preferidos?

Estou sempre viajando. Mas caminho três dias por semana no calçadão da orla. Aos domingos, vejo filmes na casa da minha filha, Maria Beltrão. Estamos mergulhando na obra de Hitchcock. E ainda encontro tempo para namorar, à distância, um francês.


Fonte: O Globo


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