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terça-feira, 4 de março de 2014

FORTE ESTIAGEM QUE ASSOLA A REGIÃO ESTÁ MUITO MAIS SEVERA EM NITERÓI


Desde o início de janeiro de 2014, o estado do Rio de Janeiro enfrenta uma estiagem sem precedentes para esta época do ano: estamos no período das chuvas. A matéria abaixo, do jornal O Globo, mostra que o problema é uma grave preocupação na capital, mas também em toda a Região Metropolitana.

Conforme os dados que apresentamos a seguir, infelizmente, a falta de chuvas tem sido ainda mais dramática em Niterói. Em um mês, um dos pluviômetros na cidade registrou uma precipitação de apenas 2,4mm. Em outro, 12,4mm. Conforme dados do INMET (divulgados pelo Climatempo) a média de precipitação em Niterói nos últimos 30 anos para o mês de fevereiro é de 128mm.

Como consequência desta grave seca, Niterói tem enfrentado uma sequência de queimadas em encostas que têm dizimado alguns remanescentes de florestas e ecossistemas naturais. Além de destruir áreas naturais, os incêndios ameaçam residências e prejudicam o cotidiano da cidade, como temos registrado aqui no Blog.

Veja o registro que fiz dos impactos dos incêndios nas encostas de Niterói em Danos causados pelo fogo nas encostas de Niterói (sobrevoo de 10/02/2014)

A destruição de florestas aumentam as chances de deslizamentos de encostas, assoreamento dos rios e inundações.

Os dados apresentados, a seguir, demonstram a gravidade da situação em Niterói:


Compare as chuvas registradas em Niterói e São Gonçalo, com as precipitações registradas para outras partes do RJ. Mesmo nas demais regiões, as chuvas registradas foram bem abaixo da média das chuvas registradas nos últimos 30 anos, como pode ser verificado nos próximos gráficos. Informação acima foi compilada por Axel Grael com base nos dados do site do INEA: www.inea.rj.gov.br

O gráfico acima mostra as médias de temperature máxima e mínima e precipitação (chuvas) registradas nos últimos 30 anos para a cidade de Niterói. Informação disponível no site do Climatempo.

Veja que a média dos últimos 30 anos para chuvas em fevereiro foi de 128mm e para janeiro, 179mm. Como pode ser visto, o registro de chuvas em Niterói nos últimos 30 dias (na estação do Batalhão de Polícia Rodoviária: 12.4mm; e no Rio Engenhoca: 2.4mm), foi estatisticamente muito abaixo do esperado para o período, justamente o período de chuvas.  

A falta de chuva, agravado pelo forte calor e a perigosa prática de promover queimadas em vegetação, queimar lixo e até soltar balões (todas estas práticas são consideradas crime ambiental pela legislação em vigor), causaram fortes danos às áreas de florestas de Niterói e sua região.

Veja nas fotos, abaixo:

Encosta do Morro do Cavalão, em São Francisco, Niterói. O local, que já tinha rocha exposta desde que sofreu queimada há cerca de 20 anos, vinha se regenerando lentamente. O fogo consumiu novamente a vegetação que se recuperava. No combate às chamas, como último recurso, helicópteros do Governo do Estado (Bombeiros, PM e INEA), acionados pela Prefeitura de Niterói, acabaram por lançar água salgada da Baía de Guanabara para apagar os focos de incêndio que já estavam sem controle. As consequências poderão ser uma recuperação ainda mais lenta. Foto de Axel Grael.

No alto da encosta, mata queimada e, logo abaixo, vegetação sobre ambiente rupestre mostra stress hídrico pela falta de chuvas. Foto de Axel Grael.

No Parque Estadual da Serra da Tiririca, vegetação sobre solo raso, sobre rocha e sem capacidade de armazenar água, mostra folhagem ressecada, com aspecto amarelado. Foto Axel Grael.

DANOS

Os incêndios dos últimos dias afetaram áreas cobertas por florestas, mas também encostas com a predominância do capim-colonião, espécie exótica, introduzida no Brasil e que é muito vulnerável ao fogo. No capim-colonião, o fogo se alastra rapidamente e acaba afetando pequenos fragmentos de vegetação natural e, com frequência, ameaça moradias, benfeitorias e equipamentos públicos.

Conforme estimativas do relatório preparado pelo Cel. Fábio Meirelles, comandante do Comando de Bombeiro de Área - CBA IX (Charitas), os incêndios em vegetação ocorridos entre 10 e 16 de fevereiro de 2014 demandaram 32 horas de helicóptero e, somando-se à mobilização que se fez necessária de recursos humanos e materiais para combate aos incêndios, geraram despesas estimadas em R$ 77.905,75.

As chamas consumiram cerca de 10 hectares de vegetação. Ao custo estimado de cerca de R$ 10 mil/hectare (valor de referência utilizado pelo INEA), o custo de recuperação de toda a área destruída seria por volta de R$ 100 mil.

Como engenheiro florestal, posso afirmar com o valor por hectare previsto pelo relatório do Cel Fábio é ainda subestimado, considerando-se as características das áreas afetadas. Como pode ser verificado nas fotos, a área destruída pelo fogo é de elevada declividade, de alta fragilidade edáfica (solos rasos, pobres, sujeitos à erosão e de alto risco geotécnico) e de difícil acesso para as equipes de reflorestamento. Portanto, podemos considerar que o custo de recuperação das áreas degradadas pelo fogo pode se considerar como sendo bem mais do que o dobro do valor estimado no relatório.

As fotos das encostas de São Francisco (Morro do Cavalão), vide acima, comprovam a grande dificuldade da regeneração natural naquelas condições. A vegetação atingida pelo fogo dos últimos dias recuperava-se de outro incêndio que atingiu a área há cerca de 20 anos.

PREVENÇÃO

Desde o início do Governo Rodrigo Neves, assumimos a responsabilidade de coordenar as ações de Defesa Civil na cidade. Niterói contava com uma estrutura precária de Defesa Civil e nunca teve um Plano de Prevenção a Queimadas e Incêndios em Vegetação.

Motivados por todos os prognósticos meteorológicos para este verão - que previam muitas chuvas - demos prioridade ao longo de todo o ano passado (2013) a preparar a Defesa Civil de Niterói para ações preventivas e para a gestão de situações de emergências climáticas relacionadas à chuva: deslizamentos de encostas e inundações. O trabalho cuminou com a preparação do Protocolo de Mobilização do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil, que contou com a participação de todos os órgãos da Prefeitura e concessionárias e foi aprovado em janeiro de 2014.

A Defesa Civil de Niterói empreendeu um grande esforço e mudou de uma realidade em grande precariedade de meios logísticos e tecnológicos para um cenário completamente diferente e muito melhor. Foram implantados: a primeira estação meteorológica da cidade, uma rede de pluviômetros, ums rede de sirenes de alerta, foram implantados 13 NUDEC's, desenvolvidos treinamentos, etc. Niterói hoje é uma das cidades mais preparadas para enfrentar emergências causadas pela chuva.

Ocorre que estamos vivendo um verão atípico e nos deparamos com a situação oposta: uma forte onda de calor e uma estiagem que já dura mais de 20 dias. O estado do Rio de Janeiro está sofrendo com um número recorde de queimadas. Estas condições climáticas aumentaram muito a vulnerabilidade aos incêndios em área de vegetação (queimadas), principalmente nas áreas de encostas. A situação atual ainda é de extrema gravidade, conforme estamos alertando há algumas semanas.
Assim como preparamos a cidade para as chuvas, vamos prepara-la para as próximas estiagens e estruturar o Plano de Prevenção e Contingências para Incêndios em Vegetação. No nosso planejamento, esta plano estaria pronto em maio, momento em que esperávamos pela estiagem.

Em virtude do momento atual, decidimos adiantar o plano e já estamos avançando no planejamento, em parceria com o Corpo de Bombeiros, com a Defesa Civil Estadual e com o INEA.

O importante é que se perceba que as ações de Defesa Civil, sejam elas para situações de excesso de chuva, falta dela, ou outras calamidades públicas, precisam de uma ação prioritariamente na prevenção, além da preparação da capacidade de resposta para as situações de crise.

Mas, a prevenção não é possível apenas com a ação governamental. É preciso que seja uma prioridade de toda a sociedade e que a mobilização aconteça com a participação de todos. Por isso a nossa prioridade nos NUDEC's.

Há muito ainda pela frente e não vamos descansar enquanto não construirmos uma capacidade de reação contra as ameaças climáticas como a cidade de Niterói e sua população merece ter. Que Niterói seja, enfim, uma cidade resiliente, mais segura, mais sustentável, mais socialmente justa e mais feliz.

Axel Grael


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Rio termina primeiro bimestre com 75% de chuvas abaixo do esperado

Capital fluminense foi a que registrou menor pluviosidade em fevereiro


Jovens jogam altinho na Praia de Ipanema; Rio foi a capital brasileira com menor registro de chuvas em fevereiro Pedro Kirilos

RIO - Dias atrás, a previsão do tempo era um pule de dez: o carnaval seria sob chuva. Amanhã, Momo aproxima-se do fim de seu reinado sem molhar a coroa. As poucas precipitações da última semana foram localizadas, não impediram a folia nem cessaram o calor de maçarico que, desde o início do ano, faz questão de acompanhar o carioca. A estação ainda não chegou ao fim, mas este verão caminha para o posto de mais seco da História da capital fluminense.

No primeiro bimestre, a pluviosidade observada no Rio foi 75% abaixo do esperado. Em fevereiro, o Rio foi a capital brasileira com menor índice de chuvas. A estiagem é obra de uma massa de ar seco, que ficou estacionada no Atlântico Sul, próximo ao litoral da Região Sudeste. 

Quase um mês de seca

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), fevereiro registrou apenas 15mm de chuva - o normal é 130mm. No dia 17, após quase um mês de estiagem, uma frente fria vinda do Sul do continente conseguiu romper a massa de ar seco que bloqueava as precipitações. As chuvas, porém, logo se afastaram da cidade.

- Primeiro vimos um bloqueio atmosférico completamente atípico, porque ele impediu a pluviosidade durante muito tempo, justamente na estação mais chuvosa do ano - lembra Aline Tochio, meteorologista do Climatempo. - Em meados em fevereiro, uma frente fria finalmente conseguiu chegar ao Sudeste.

As precipitações, no entanto, duraram menos de uma semana. No dia 20 de fevereiro, logo após a passagem da frente fria, uma nova massa de ar seco estacionou sobre o litoral carioca. 

A cidade deve receber chuvas novamente no domingo, mas está claro que o Rio chegará ao fim do verão com o registro de pluviosidade muito abaixo da média histórica. A última vez em que isso ocorreu foi em 2011 - naquele ano, no entanto, as precipitações de janeiro e fevereiro, somadas, foram de 90mm. Desta vez, este índice foi de 73mm.

- A expectativa é de que as precipitações aumentem a partir da segunda quinzena do mês - anuncia Pedro Costa, meteorologista do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTec/Inpe). - Ainda assim, devemos chegar ao fim de março novamente com o índice de pluviosidade abaixo da média.

De acordo com o CPTec, a estiagem esperada para março não será tão radical quanto a vista nos dois primeiros meses do ano. Mas o resto do mês não compensará a chuva prevista - e que não veio - durante o início do verão.

- No fim do mês passado vimos uma série de ventos vindos do oceano e um maior transporte da umidade da Amazônia para o Sul do país - lembra Costa. - São fenômenos que favoreceram a entrada de chuvas, mas que agora já se desconfiguraram. Esperamos que eles se formem novamente. Por enquanto, nesta semana teremos apenas chuvas isoladas, provocadas pelo aquecimento e pela umidade de cada região.

Na Serra Fluminense, a situação é oposta. Uma chuva volumosa atingiu ontem diversas localidades, principalmente o município de Petrópolis.

O outono fará justiça à fama de estação da seca. O Inmet calcula que, entre março e maio, existe a probabilidade de que o índice de chuvas no Rio seja até 40% abaixo do normal. A estiagem vai se estender a toda a faixa litorânea do Centro-Sul, até o estado de Santa Catarina. As temperaturas registradas, por sua vez, permanecerão dentro da média histórica.

O mês de janeiro terminou como um dos mais hostis da História da cidade. Foi o segundo mais seco dos últimos 13 anos e o quarto mais quente desde o início das medições, em 1917. O Rio chegou a ter seis estações meteorológicas entre as dez que indicaram as maiores sensações térmicas do mundo.

Aquecimento das águas

Durante a maior parte do primeiro bimestre, enquanto durou o bloqueio atmosférico sobre o Centro-Sul do país, a temperatura da superfície do mar chegou a 32 graus Celsius - dez a mais do que o normal.

O aquecimento das águas do Atlântico Sul ainda está sendo estudado pelos climatologistas. Suas marcas, no entanto, foram vistas até no espaço entre o fim de janeiro e o início do mês passado. Uma imagem capturada pelo satélite Aqua, da Nasa, flagrou 800 quilômetros de uma mancha escura no oceano, em frente aos estados de Rio, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A mancha era o resultado da decomposição de algas mortas pela temperatura elevada, e depois ingeridas por outros micro-organismos.

Mesmo a chegada de ventos que proporcionaram a ressurgência — a subida de águas frias das profundezas para a superfície do mar — refrescou apenas a orla carioca. As ilhas de calor barraram a entrada da brisa às regiões mais distantes das praias. Em meados de fevereiro, a diferença da temperatura entre o Forte de Copacabana e o bairro de Santa Cruz superou a marca de 12 graus Celsius.

Fonte: O Globo


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Um comentário:

  1. AMIGO . A ESTIAGEM NA SERRA DOS ÓRGÃOS FOI MUITO VIOLENTA NA REGIÃO DO DEDO DEUS . AS EPÍFITAS MA SUA MAIORIA MORRERAM; PTERIDÓFITAS E MUSGOS SOFRERAM PELA DIMINUIÇÃO DA FONTES . .OS INSETOS NA SUA MAIORIA NÃO REPRODUZIRAM-SE POR FALTA DE CHUVAS ; 50% DOS ANFÍBIOS MORRERAM ; MUITOS PÁSSAROS TAMBÉM MORRERAM ,EM ESPECIAL OS BEIJA-FLORES. DEVO RESSALTAR QUE O DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA FOI CAUSA DA SECA PELA AUSÊN CIA DE VENTOS ÚMIDOS . O VENTO QUENTE DA CIDADE BATE NAS ROCHAS QUENTES E FICAVA AINDA MAIS QUENTE IMPEDINDO AS CHUVAS

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