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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Queda do desmatamento atenua aumento das emissões de carbono no RJ


O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, compara o inventário atual das emissões de carbono e o elaborado em 2005 pela Coppe/UFRJ. Fotógrafo: Lourenço Eduardo


Secretaria do Ambiente e Coppe/UFRJ mostram evolução das liberações de gases-estufa por setor econômico do Estado do Rio de Janeiro

No Estado do Rio de Janeiro, comparando-se 2010 com o ano base de 2005, houve uma queda das emissões de carbono por desmatamentos e um aumento das emissões dos gases-estufa no setor energético. No entanto, evitando um aumento ainda maior das emissões no setor energético, o Governo do Estado revogou uma licença para a instalação de uma térmica a carvão no Norte Fluminense.
 
Esses dados fazem parte do inventário das emissões de carbono nos diferentes setores econômicos do Rio de Janeiro que foi apresentado hoje (11/11), em coletiva à imprensa, pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, pela subsecretária de Economia Verde, Suzana Kahn, e pelo professor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Emilio La Rovere.
 
Minc e La Rovere fizeram uma comparação entre o inventário atual das emissões de carbono e o elaborado em 2005 pela Coppe. Entre 2005 e 2010, houve uma queda de 51% nas emissões de carbono do setor de agricultura e florestas. Em 2005, o setor era responsável por 17% das emissões de carbono. Em 2010, esse percentual caiu para 8%. Segundo o secretário, a diminuição das emissões se deveu, dentre outros fatores, à diminuição do desmatamento no Rio de Janeiro.
 
“Mas, por outro lado, o setor energético foi o segmento que mais contribuiu para o aumento da emissão de carbono, passando de 58%, em 2005, para 68% em 2010, ou seja, um aumento expressivo de 33%. Então, os dados que estamos apresentando hoje, com base no inventário produzido pela Coppe e na Lei do Clima, fez a gente tomar uma importante medida, que foi a revogação da licença para uma usina térmica a carvão no Porto do Açu de 2.100 megawatts que, sozinha, iria emitir mais de sete milhões de toneladas de carbono por ano. Isso representaria um aumento de 12% nas emissões. Se nós a aprovássemos, não cumpriríamos a Lei do Clima. Outra importante iniciativa nossa foi cravar na renovação das licenças ambientais de diferentes empresas um plano de mitigação das emissões de carbono”, explicou Minc.
 
Em linhas gerais, de 2005 a 2010, as emissões totais de CO2eq (unidade de medida que representa todas as liberações de gases-estufa, e não apenas as de dióxido de carbono) passaram de 59,3 toneladas para 67,0 toneladas. Minc chamou a atenção para um dado: se a térmica a carvão no Porto do Açu saísse do papel, ela iria emitir, em um ano, o equivalente à diferença das emissões totais de CO2eq de 2010 em relação às de 2005.
 
Ao apresentar os dados da evolução da emissão de carbono, o professor da Coppe/UFRJ Emilio La Rovere destacou que, dentre os fatores que contribuíram para o aumento das emissões de carbono dentro do setor energético, estão a queima de combustíveis fósseis:
 
“Esses combustíveis são usados em vários setores, principalmente no de transporte rodoviário e em processos industriais como a própria siderurgia, já que há grandes emissões em altos fornos. O aumento das emissões no setor de transporte se deveu ao crescimento do parque automobilístico e à queda no uso do etanol, já que os preços do óleo diesel e da gasolina foram subsidiados. Com isso, o consumidor está usando mais gasolina, combustível fóssil que vem do petróleo e que contribui para o aquecimento global”, disse La Rovere, ressaltando a importância de o governo federal investir em programas que incentivem a população a usar o álcool como combustível e transportes coletivos, importantes alternativas que contribuirão para controlar as emissões de carbono.
 
A subsecretária estadual de Economia Verde da SEA, Suzana Kahn, destacou que o inventário das emissões de carbono, produzido pela Coppe/UFRJ, é o ponto básico para se traçar uma estratégia que reduza as emissões de carbono:
 
“A questão de se ter um inventário é o ponto básico para traçar uma política, uma estratégia para reduzir as emissões, porque ele identifica o que precisa ser feito. Esse instrumento nos ajuda a identificar práticas e tecnologias que já estão disponíveis no mundo para reduzir as emissões”, explicou Suzana Kahn.
 
Suzana destacou que técnicos do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) foram treinados para usar o inventário. Segundo ela, o inventário é um poderoso instrumento que irá auxiliar a orientar os investimentos no território fluminense:
 
“Se resolvêssemos permitir a construção de uma térmica a carvão, por exemplo, não seria simplesmente a emissão naquele ano ou nos próximos três anos. É uma aposta de altíssimo risco numa tecnologia que a gente vai ficar amarrado por pelo menos 30 anos. Então é importante uma reflexão cuidadosa em cima daquilo que você está apostando, porque reverter a questão pode ser muito mais caro”, disse a subsecretária de Economia Verde.

Fonte: SEA



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