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sábado, 11 de maio de 2013

Companhia de Ballet de Niterói está de volta



Integrantes da companhia ensaiam diariamente no Teatro Municipal para estreia que acontece sexta-feira Agência O Globo / Felipe Hanower

Espetáculo inspirado em Luiz Gonzaga marca nova fase


A história do povo nordestino contada por músicas de Luiz Gonzaga ao som de cellos. A mistura do popular com o erudito vai embalar o retorno da Companhia de Ballet da Cidade de Niterói aos palcos, após um ano de jejum. O grupo estreia na próxima sexta-feira, no Teatro Municipal, o espetáculo “Corda friccionada”, montado por Clébio Oliveira, coreógrafo brasileiro radicado na Alemanha. Com a composição de mais dois espetáculos até o fim do ano, o grupo planeja fazer cerca de 40 apresentações até dezembro, no Rio e no exterior. O cronograma inclui ainda a realização do I Congresso de Dança do município e um evento para a escolha, pelo público, de uma coreografia feita por bailarinos da trupe, que será montada posteriormente.

Ao que tudo indica, a má fase da companhia já faz parte do passado. A atual etapa do balé representa uma vitória depois de muitos meses de crise. Em 2011, a companhia chegou a ser extinta pelo então prefeito Jorge Roberto Silveira. Na ocasião, ele argumentou que o grupo já não cumpria uma função social na cidade. A decisão foi considerada uma represália aos bailarinos, que, na época, fizeram várias reivindicações por melhores salários. A decisão do ex-prefeito acabou sendo revogada.

À frente desde novo ciclo da trupe está o ex-bailarino Pedro Pires, diretor artístico da companhia. Inicialmente contratado para dirigir três pequenos espetáculos no ano passado, ele assumiu interinamente o cargo em janeiro e soma ao grupo a experiência de 30 anos de dança em companhias renomadas e montagem de espetáculos.

Um ano cheio de novidades

O espetáculo “Corda friccionada”, que envolve 22 bailarinos, é baseado na obra de Luiz Gonzaga, com arranjos de Ricardo Medeiros. Ao som de cellos que unem a música erudita ao popular brasileiro, os bailarinos interpretam a história do povo nordestino, com abordagens à seca, à migração e à miséria. Por outro lado, a alegria da música e da cultura fazem o contraponto. A regionalidade fica mais evidente com a participação, ao vivo, do Trio de Forró, com sanfona, triângulo e zabumba.

O figurino retrata a simplicidade dos moradores do sertão, com cores que remetem à terra queimada pelo sol. Para reforçar essa ideia, a caracterização dos bailarinos inclui a utilização de argila que, colocada no corpo e na cabeça remete ao solo rachado pela seca que assola a região.

— No ano passado, Clébio Oliveira participou do Festival Cello Dance, no Rio, e apresentou o “Corda friccionada” numa versão bem reduzida, de 12 minutos. Fiquei apaixonado pelo que vi, pois reunia música brasileira e uma ótima performance dos bailarinos. Quando assumi a companhia, convidei Clébio para montar um trabalho mais completo com base nessa coreografia. Ele veio de Berlin especialmente para isso — contou Pedro Pires, acrescentando que esse espetáculo será apresentado, em junho, no Summer Night’s Festival, em Nova York.

Ensaio aberto ao público

“Corda friccionada” fica em cartaz no Teatro Municipal da próxima sexta-feira até o dia 26. As apresentações acontecem sextas e sábados, às 21h; e aos domingos, às 18h. Para comemorar a reestreia, a companhia fará um ensaio aberto ao público quinta-feira, às 20h, com distribuição de 200 senhas 30 minutos antes do início.

Os próximos meses prometem ser bem agitados para a companhia. Na primeira semana de agosto, os bailarinos reapresentam, no mesmo Teatro Municipal, o espetáculo “Ognat”, em homenagem aos 90 anos do compositor de tango Astor Piazzolla, também assinado por Clébio Oliveira. No mesmo mês, o grupo promove, no Teatro Popular, o primeiro Atelier Coreográfico. Nesse evento, os bailarinos vão apresentar uma coreografia de sua própria autoria, e o púbico escolherá uma delas. A mais votada passará a integrar o repertório da companhia.

— Em 2014, o Atelier Coreográfico será aberto para coreógrafos locais. Já que somos a companha da cidade, queremos iniciar o diálogo com a dança da cidade, com os talentos daqui — adiantou Pedro Pires, citando Bruno Beltrão, do Grupo de Rua, como referência da dança niteroiense.

Em setembro, a trupe fará uma turnê pelo interior do estado na unidades do Sesi, apresentando o “Corda friccionada”. Já em outubro, começa a montagem do balé “Romeu e Julieta”, com estreia prevista para o mês seguinte, no Teatro Tom Jobim, no Jardim Botânico.

A companhia de balé fecha o ano promovendo o Primeiro Congresso de Dança de Niterói, em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). O evento será realizado 2 a 15 de dezembro, e terá aulas e ensaios abertos, debates, palestras e apresentação de espetáculos.


Fonte: O Globo Niterói

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