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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Projetos sociais impulsionam a base da vela brasileira



Alunos do Projeto Grael. Foto de Fred Hoffmann.


O Campeonato Brasileiro de Optimist 2013 está reunindo no Yacht Clube de Santo Amaro, em São Paulo, desde o dia 14, cerca de 180 crianças e adolescentes, numa prova da força da base da vela nacional. Parte deste sucesso se deve a projetos sociais que têm a modalidade como instrumento de inclusão.

Os mais famosos são o Projeto Grael, em Niteroi, o Navega São Paulo, com nove núcleos no Estado, e o Navegar, com núcleos espalhados pelo País. Juntos, já formaram mais de 30 mil jovens, alguns até saíram para o esporte de alto rendimento. Na competição na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, meninos e meninas de 9 a 14 anos do Navegar é Preciso do Lago de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), e a Escola de Vela de Ilhabela (SP), têm a chance de mostrar que podem alcançar voos ainda maiores.

"É um prazer acompanhar as crianças e poder passar um pouco do que aprendi pra eles. Também comecei em um projeto social em Ilhabela. O mais importante não é transformar os meninos em campeões e sim cidadãos", explica o medalhista pan-americano Bruno Oliveira, que é técnico em Ilhabela. O atleta fez dupla com Bernardo Arndt na classe Hobbie Cat 16 nos dois últimos eventos continentais (Rio/2007 e Guadalajara/2011, quando ganharam a medalha de prata).

O projeto Escola de Vela de Ilhabela hoje é bancado pela prefeitura local e conta com mais de 100 crianças. Alguns ex-internos da Fundação Casa, antiga Febem, voltam a ter uma chance na sociedade velejando. "O projeto ensina a velejar sem se esquecer da parte social. Focamos na parte educacional, pois acreditamos que a modalidade pode ser um agente transformador", diz Fred Cardeal, treinador da Escolinha de Vela de Ilhabela.

Dedicado, Matheus Magalhães de Oliveira, de 11 anos, é um dos destaques da equipe de nove velejadores que está representando o projeto no evento em São Paulo. O jovem não perde uma aula em Ilhabela e tenta levar os amiguinhos para o mesmo caminho. "Velejar é muito divertido. A gente aprende a trabalhar em equipe e faz amizades. A todo momento nossos instrutores nos cobram dedicação com os estudos," afirma.
Uma opção na hidrelétrica de Itaipu
O Projeto Navegar é Preciso, que é aplicado no Iate Clube Lago de Itaipu, trabalha com 80 crianças carentes de Foz do Iguaçu, no Paraná. Com 12 anos de existência, a entidade se tornou referência na formação de atletas de vela no estado. Hoje, a usina hidrelétrica banca as atividades de Optimist. "A garotada que está no projeto é encontrada nos bairros de Foz e depois de uma seleção essa turma entra no grupo. Eles têm duas aulas nos dias da semana e, nos finais de semana, os treinos ficam reservados para os 20 da equipe principal", revela Allan Godoy, que coordena no Brasileiro de Optimist 10 garotos entre 9 e 14 anos. O Objetivo do grupo é colocar quatro atletas entre os 70 mais bem classificados do campeonato.
Fábio Santa Cruz é um exemplo de que a vela pode ajudar a dar um futuro melhor aos mais carentes. A família do garoto de 12 anos tem dificuldades financeiras e a escola de vela pode ser considerada sua segunda casa. "São seis meses velejando e descobri que é melhor do que o futebol. Sonho em conhecer lugares novos e a vela proporciona isso. Eu aprendo muito e estou adorando essa oportunidade. Minha mãe não pode comprar um barco, mas tenho tudo que preciso em Itaipu", conta Fábio, que tem mais quatro irmãos e é órfão de pai. A mãe é doméstica e a irmã mais velha ajuda a sustentar a casa trabalhando de operadora de caixa. O irmão Thiago, de 14, também veleja no projeto e a menorzinha, Luana, de 6 anos, já quer entrar também. "Quando ela completar a idade mínima vai começar a velejar com a gente", garante o menino, todo animado.

Projeto Grael

Em Niterói, terra do clã dos Grael, o projeto que leva o sobrenome da família de medalhistas olímpicos é referência no País na área náutica. Liderado por Axel, Torben e Lars Grael, o trabalho social ensina às crianças e adolescentes a navegação à vela e à remo, além de oferecer cursos profissionalizantes de diversas áreas como capotaria, elétrica, marcenaria, manutenção de motores, e outros mais.

"O Projeto Grael nasceu de uma necessidade que eu, meus irmãos e o Marcelo Ferreira sentíamos de devolver à comunidade de Niterói um pouco do que a cidade havia feito por nós. Hoje, mais de 10 anos depois, o Instituto Rumo Náutico - Projeto Grael pode se orgulhar de já ter formado mais de 10 mil alunos da rede pública de ensino da região metropolitana do Rio e Niterói", explica Lars Grael. "Embora nosso objetivo nunca tenha sido o alto rendimento, temos orgulho, por exemplo, da tripulação que venceu a última regata Cape Town-Rio , que tinha três de nossos ex-alunos," completa.

O evento, que tem patrocínio do Sistema ANGLO de Ensino - Abril Educação, segue até esta sexta-feira (25), com a competição por equipes. São sete estados ao todo e mais o Distrito Federal na disputa. A maior flotilha é do Rio de Janeiro, com 40 atletas. São Paulo, que sedia o campeonato, conta com 30 mirins. Na sequência aparecem Bahia (16), Rio Grande do Sul (16), Paraná, Distrito Federal (10), Pernambuco (10) e Santa Catarina (3).

O Optimist
Além de ser um barco de iniciação à vela e de excelente custo benefício, o formato impede velocidades elevadas, garantindo, assim, a segurança do Optimist. O veleiro suporta até 60 quilos e pode ser conduzido por pequenos de 7 a 15 anos. O nome, traduzido do inglês, quer dizer otimista.


Ficha técnica do Optimist:
Comprimento total: 2,34m
Largura: 1,13 m
Deslocamento: 35 quilos
Área vélica: 3,25m²

Fonte: Redação 360 Graus

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