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domingo, 1 de julho de 2012

Unesco reconhece Paisagem Cultural Urbana do Rio como Patrimônio Mundial e inclui Jurujuba, em Niteroi




Paisagem do Rio ganha reconhecimento mundial e Jurujuba, em Niterói, também é beneficiada

Não é de hoje que a paisagem do Rio de Janeiro e da Baía de Guanabara causa fascinação. Alguns dos primeiros navegadores a chegar a estas terras registraram em palavras a emoção que sentiram ao adentrar a Baía de Guanabara:

“... tudo he graça ho que della se pode dizer”. Tomé de Souza, em carta a D. João III (1553).

“É a mais fértil e viçosa terra que há no Brasil”. Pero de Magalhães Gandavo, em “Tratado da Terra do Brasil” (1572).

“É a mais airosa e amena baía que há em todo o Brasil”. Pe. José de Anchieta em uma de suas Cartas (1585).

“Esta terra é um paraíso terrestre”. Parny, em “Ouvres choisies”. (1773).

“Quem seria capaz de descrever as belezas que apresenta a baía do Rio de janeiro, esse porto que na opinião de um dos nossos almirantes mais instruídos, poderia conter todos os navios da Europa?”. August Saint-Hillaire, em “Voyage dans les provinces de Rio de janeiro et Minas Gerais” (1816).
Tenho uma especial satisfação em comemorar mais este feito da cidade do Rio de Janeiro, que teve a sua "Paisagem Cultural Urbana" reconhecida como Patrimônio Mundial.

Participei do esforço de criação da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (também reconhecida pela UNESCO) e sei a importância internacional que tal reconhecimento confere e sei também quanto trabalho a proposta mereceu da equipe técnica que estve dedicada a esta conquista.

Outro fato positivo é que a proposta tem no seu cerne o Parque Nacional da Tijuca, um marco da história ambientalista do pais. O Parque, que já era considerado pela UNESCO como Reserva da Biosfera, ganha agora com o novo conceito mais um argumento para a sua proteção. O argumento poderá preveni-lo de algumas propostas recorrentes que volta e meio procuram permitir a ocupação imobiliária de áreas nas encostas do entorno do Parque.

Como velejador e como niteroiense, sinto-me um privilegiado pois temos o sorte de usufruir desta paisagem diariamente e de uma forma mais vantajosa que os próprios cariocas.

Também me senti especialmente beneficiado, pois a área delimitada inclui o lado de Niterói da Baía de Guanabara, em particular o promontório de Jurujuba, onde localiza-se a sede do Projeto Grael, conforme pode ser visto no mapa acima. Com isso, os proponentes da candidatura do Rio conseguiram algo muito importante: proteger o magnífico portal rochoso da entrada da Baía de Guanabara, que tanto impressionou tantos viajantes ao longo dos séculos.

A iniciativa de incluir Niterói é mais uma oportunidade para se desenvolver o turismo na cidade, que tem os melhores pontos de observação da paisagem protegida, como as históricas Fortaleza de Santa Cruz e Forte São Luiz (Forte do Pico).

Axel Grael

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Rio é Patrimônio como paisagem cultural urbana
Cidade é a primeira do mundo a receber o título da Unesco
 
RIO - O Rio de Janeiro se tornou, neste domingo, Patrimônio Mundial, como paisagem cultural urbana. A cidade foi a primeira do mundo a se candidatar nesta categoria. A candidatura, apresentada em português pela ministra da Cultura, Ana de Hollanda, foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, que está sendo realizada em São Petersburgo, na Rússia.

A ministra e o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, que acompanharam os trabalhos, comemoraram a decisão que resultou na inclusão de mais um bem brasileiro na Lista de Patrimônio Mundial. Em seu discurso após a conquista, Ana de Hollanda disse que ela permitirá ao Brasil construir um novo mapa da herança cultural:

— Diante dessa novidade, e dos desafios que ela representa, gostaríamos de compartilhar nossa alegria com a comunidade internacional. Para nós, no Brasil, esta convenção representa muito para o futuro, mas em termos de paisagens é impossível avançar no estabelecimento de políticas culturais sem entender as relações entre seres humanos e seu ambiente. Essa conquista nos permitirá construir um novo mapa da herança cultural, rompendo com uma visão historicista e substituindo-a por um entendimento mais amplo do mundo.

Ana de Hollanda disse que, agora, o país terá um compromisso internacional com a Unesco.

— Nas apresentações que fizemos, foi lembrado, por exemplo, que a Floresta da Tijuca era antes um cafezal, mas que foi reflorestada. Ou seja, essa preocupação com a natureza é algo a que os próprios moradores da cidade dão grande importância. Só que agora, passamos a ter um compromisso internacional com a Unesco — afirmou a ministra, em entrevista à GloboNews.

Para o presidente do Iphan, preencheu-se uma lacuna na lista do patrimônio mundial:

— Essa conquista representa um reconhecimento muito importante. Se a gente observar que a lista do patrimônio mundial representa o país, então faltava o Rio de Janeiro dentro dessa lista. O Rio representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo. Ou seja, foi preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país — disse Luiz Fernando de Almeida. — Mas isso coloca um grande desafio para todos nós, que é o de conseguir construir uma política pública que harmonize com as políticas que são de natureza setorial: política de habitação, de meio ambiente etc. Passaremos a pensar numa política transversal que consiga realmente responder aos desafios de fazer a gestão de um território.

Segundo o Iphan, a partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título serão alvo de ações integradas visando à preservação da sua paisagem cultural. São eles: o Pão de Açúcar, o Corcovado, a Floresta da Tijuca, o Aterro do Flamengo, o Jardim Botânico, a Praia de Copacabana, e a entrada da Baía de Guanabara. As belezas cariocas incluem o Forte e o Morro do Leme, o Forte de Copacabana e o Arpoador, o Parque do Flamengo e a Enseada de Botafogo.

— Todos os locais mencionados na proposta de candidatura passarão a ser acompanhados pela Unesco e nós vamos apresentar relatórios dos trabalhos que vão sendo feitos. Eles cobram mesmo da gente, esse reconhecimento não é fácil. Mas o compromisso de manter isso é muito importante. E nós vamos honrar esse compromisso com a Unesco — explicou Ana de Hollanda.

A presidente da República, Dilma Rousseff, telefonou na manhã deste domingo ao governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e ao prefeito Eduardo Paes congratulando-se com a homenagem à cidade. Em nota, a presidente também parabenizou a população do Rio de Janeiro. Para Dilma Rousseff, o título chega "num momento em que o Rio de Janeiro mostra ter competência e capacidade de gestão para sediar importantes eventos nacionais e internacionais, como a Rio+20, realizada há poucos dias, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016."

Para o governador Sérgio Cabral, a novidade funcionará como uma espécie de selo de qualidade para a cidade.

- Esse diálogo da natureza com o urbano no Rio de Janeiro é único no planeta. E o Rio, desde 2007, vem colecionando conquistas: o Cristo Redentor como uma das 7 maravilhas contemporâneas do mundo, a conquista da Copa do Mundo, da Jornada Mundial da Juventude, dos Jogos Olímpicos e, agora, da Unesco. Acho que esse título agrega muito valor.

O prefeito Eduardo Paes acredita que o título vai ajudar evitar intervenções e destruição da paisagem da cidade.

- Hoje a Unesco fez o que todos nós brasileiros já sabíamos: tombou como patrimônio histórico essa paisagem cultural fantástica do Rio de Janeiro. O Rio é isso, um misto de natureza incrível, ação do homem incomparável, com todos os ícones que foram criados, com aquilo que o Rio tem de melhor, que é o povo carioca. Para ser carioca, basta amar o Rio. Isso gera um sentimento nacional que, agora, é mundial. Tem muita gente que ama essa cidade - declarou.

O secretário municipal de Turismo, Pedro Guimarães, afirmou que a escolha do Rio como Patrimônio Mundial na categoria paisagem cultural urbana foi um reconhecimento merecido:

— A cidade que é um orgulho para seu povo e uma paixão para todo turista que a visita recebe, de forma merecida, o reconhecimento oficial de seu carinhoso apelido de Cidade Maravilhosa — afirmou.

O subsecretário municipal de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, Washington Fajardo, disse que a madrugada foi de muita ansiedade e destacou o ineditismo da conquista. - É a primeira vez que uma grande cidade, um grande território urbano, é condecorado com esse título. Antes, eram sítios menores, como o Vale do Loire ou a Sardenha. É um novo paradigma dentro da própria Unesco.

O Iphan trabalhou na candidatura do Rio, em parceria com o governo estadual, a prefeitura do Rio, a Fundação Roberto Marinho e a Associação de Empreendedores Amigos da Unesco. Em setembro de 2009, o Iphan entregou à Unesco o dossiê completo da candidatura, justificando seu valor universal pela interação da sua beleza natural com a intervenção humana.

O conceito de paisagem cultural foi adotado pela Unesco em 1992 e incorporado como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais, conforme a Convenção de 1972 que instituiu a Lista do Patrimônio Mundial.

Até o momento, os locais reconhecidos mundialmente como paisagem cultural relacionam-se a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos e outros locais de cunho simbólico, religioso e afetivo.

Brasil tem outros 18 bens culturais e naturais

Além da paisagem cultural do Rio, o Brasil tem com outros 18 bens culturais e naturais na lista de 911 bens reconhecidos pela Unesco.

Os bens culturais são: Conjunto Arquitetônico e Urbanístico de Ouro Preto, Minas Gerais (1980); Centro Histórico de Olinda, Pernambuco (1982); Ruínas de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul (1983); Santuário do Bom Jesus de Matosinhos em Congonhas, Minas (1985); Centro Histórico de Salvador, Bahia (1985); Conjunto Urbanístico de Brasília, Distrito Federal (1987); Centro Histórico de São Luís, Maranhão (1997); Centro Histórico de Diamantina, Minas (1999); Centro Histórico de Goiás, Goiás (2001); Praça de São Francisco em São Cristovão, Sergipe (2010).

Já os bens naturais são: Parque Nacional do Iguaçu, Paraná (1986); Costa do Descobrimento, Bahia e Espírito Santo (1997); Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí (1998); Reserva Mata Atlântica, São Paulo e Paraná (1999); Parque Nacional do Jaú, Amazonas (2000); Pantanal Mato-grossense, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (2000); Reservas do Cerrado: Parque Nacional dos Veadeiros e das Emas, Goiás (2001); e Parque Nacional de Fernando de Noronha, Pernambuco (2001).

O comitê da Unesco é composto pelas delegações da Argélia, do Camboja, da Colômbia, Estônia, Etiópia, França, Alemanha, Índia, do Iraque, Japão, da Malásia, do Mali, México, Catar, da Rússia, do Senegal, da Sérvia, África do Sul, Suíça, Tailândia e dos Emirados Árabes Unidos.

Fonte: O Globo

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