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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Estudo da OMS considera elevados os níveis de poluição do ar do Rio de Janeiro e São Paulo

"É bom lembrar que o Rio de Janeiro prometeu reduzir a poluição do ar para a Rio 2016!!!!"


Trânsito caótico e engarrafamentos altamente poluentes no Rio de Janeiro.

Rio tem mais poluição do ar do que São Paulo, aponta OMS
1° levantamento mundial da qualidade do ar coloca SP e Rio entre as 300 mais poluídas

Jamil Chade - O Estado de S. Paulo

GENEBRA - O Rio de Janeiro, cidade que irá sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e parte importante da Copa do Mundo de 2014, tem um índice de poluição do ar três vezes superior aos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pior que o da cidade de São Paulo. Em uma avaliação inédita com 1,1 mil cidades pelo mundo, a OMS alerta que as cidades de países emergentes são hoje não apenas as que mais se beneficiam de uma expansão econômica, mas também são as mais poluídas, seja no Brasil, Indonésia, Coreia, China ou Índia.

São Paulo, apesar de estar em uma situação melhor que a do Rio de Janeiro, não tem nada a comemorar. A capital paulistana tem um índice duas vezes superior às recomendações da OMS. No geral, o Brasil também tem uma média de poluição do ar duas vezes superior ao que estabelece a entidade mundial de saúde.

De 91 países avaliados, o Brasil é o 44° com maior índice médio de poluição do ar. Todo o Leste Europeu, apesar das acusações de ter uma indústria ainda obsoleta, herança da União Soviética, já apresenta taxas de poluição do ar mais adequadas que o Brasil. O Brasil é ainda hoje o nono país do mundo com maior número de mortes por problemas respiratórios.

Entre as 1,1 mil cidades avaliadas, a situação mais preocupante no Brasil é a do Rio, na 144ª colocação entre as mais poluídas, superando Istambul, Tijuana, Seul e Dar Al Salaam. Por cada metro cúbico de ar, foram encontradas uma taxa de 64 microgramas de poluição. Para a OMS, o ideal seria uma taxa de apenas 20 por metro cúbico de ar. Um cidadão no Rio respira um ar seis vezes mais poluído que na Austrália ou Luxemburgo. Essas micropartículas, uma vez no pulmão, podem passar ao sangue e causar asma, câncer e doenças cardíacas.

Uma parcela do interior paulista ainda seria considerado como o 204° local mais poluído, rivalizando com Chennai, na China. Mas grande parte do interior paulista tem uma taxa de poluição perto do que pede a OMS. A região metropolitana de São Paulo vem na 268ª posição no mundo, com uma taxa de 38 microgramas por metro cúbico. A taxa é quase duas vezes superior aos níveis recomendados pela OMS, mas está na mesma posição que Paris e Buenos Aires. São Paulo ainda é mais poluída que Caracas e Roma. Um paulistano respira quatro vezes mais partículas de poluição que alguém em Ottawa, Dublin ou na Finlândia.

O brasileiro Carlos Dora, coordenador do Departamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS, estima que um dos principais responsáveis por essas taxas é o transporte. Mas alerta que uma solução deve ser pensada de forma estratégica e adequada a cada cidade. "O problema da poluição não é isolado. Portanto, uma solução deve ser de uma constelação de medidas", disse. Segundo ele, uma redução da poluição aos níveis aceitáveis pela OMS reduziria em 15% o número de mortes anuais na cidade carioca por problemas respiratórios.

Maria Neira, diretora da OMS para Saúde Pública e Meio Ambiente, acredita que o investimento justamente em transporte público pode ser a solução para reduzir de forma importante a taxa de poluição do ar. "Essa redução é possível. Basta ver o que os países ricos fizeram. Há décadas, estavam entre os locais mais críticos do mundo e conseguiram reverter essa situação com políticas e leis", disse.

Mas questionada sobre a realização dos Jogos Olímpicos no Rio e o impacto da poluição nos atletas, a diretora da OMS evitou comentar. “Já fizeram os Jogos em Pequim”, respondeu. A capital chinesa tem um índice de poluição seis vezes superior à meta da OMS.

No Brasil, as cidades de porte grande com melhor qualidade do ar são Curitiba, com uma taxa de 29 e equivalente a Londres e Belo Horizonte, que no ranking aparece como a metrópole brasileira melhor colocada, com um ar dentro dos limites que pede a OMS e na 615ª posição das mais poluídas. A cidade mineira de Ibirité tem uma taxa de poluição que sequer chega ao teto estabelecido pela OMS, assim como partes do interior de São Paulo. Os dados são baseados em 68 estações de captação do próprio País, mantidas em quatro estados brasileiros.

Emergentes. A avaliação da OMS é de que a contaminação atmosférica mata 1,3 milhão de pessoas por ano no mundo por doenças respiratórias. Um milhão e cem mil dessas mortes poderiam ser evitadas se a taxa de poluição fosse reduzida. Dos 91 países avaliados, 80 estão acima do padrão da OMS. Mas os dados também mostram que são os moradores de países emergentes com fortes taxas de crescimento que mais são vítimas da poluição do ar. "Em muitas cidades, a poluição chega a níveis que ameaçam a saúde humana", afirma Maria Neira. Grande parte das 1,3 milhão de mortes ocorre em países emergentes.

Transporte, plantas de produção de energia e mesmo o aquecimento de casas estão entre os principais fatores. No topo da lista das cidades mais poluídas estão várias no Irã, Índia, Paquistão e China, com taxas de até 300 microgramas por metro cúbico. A China também é o país com o maior número de mortes por doenças respiratórias, com mais de 400 mil vítimas por ano. Com 23,7 mil mortes, o Brasil é nono colocado no mundo. “Os locais com o crescimento mais rápido também são os que apresentam maior taxa de poluição”, disse Neira. "Os mais pobres são hoje os mais vulneráveis", disse.



Com a publicação da lista, a OMS espera mobilizar a sociedade para lutar por um ar mais adequado. “Muitas das cidades com a pior taxa sequer estão na lista”, alertou Dora. "Esperamos gerar uma pressão pública sobre as autoridades", disse Maria Neira. A diretora também insiste sobre a necessidade de governos de adotar leis para exigir reduções nas emissões de poluentes. "Investir nisso permite ao estado reduzir custos com hospitais", disse. “As intervenções não são caras”, alertou, apontando que para cada 1 dólar investido em reduzir a poluição, 10 são economizados.

Fonte: Estadão

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ESCLARECIMENTO:

Diante de algumas críticas e comentários sobre a presente postagem, esclareço que apenas reproduzi a matéria que está em todos os jornais e cuja a fonte é a Organização Mundial da Saúde. O assunto é muito polêmico, eu sei, e não é a primeira vez que o debate é levantado através da comparação dos níveis de poluição das cidades e as reações são sempre semelhantes.

O estudo da OMS foca as Partículas Inaláveis, não deixa claro se compara as mesmas metodologias de medição nas cidades estudadas e utiliza dados já com alguma defasagem. Mas, acho que o assunto merece ser debatido.

Dados oficiais sempre posicionaram o Rio um pouco abaixo do nível de poluição do ar de São Paulo. Mas, isso não é um grande mérito para nós. Temos relevantes vantagens geográficas. Estamos no litoral (efeito benéfico da brisa marinha que ajuda a dispersar os gases poluentes) e ao nível do mar (o que diminui os efeitos das inversões térmicas, fenômeno frequente na capital paulista e que piora a poluição do ar). Por estes motivos, deveríamos gozar de uma qualidade do ar muito melhor que São Paulo e não apenas um pouco melhor.

Além das consequências desta poluição, chamo a atenção para o fato que MELHORAR A QUALIDADE DO AR FOI UMA DAS PROMESSAS DA CANDIDATURA OLÍMPICA DO RIO DE JANEIRO. Já há alguns anos, a Região Metropolitana do Rio tem apresentado níveis elevados de poluição nos seguintes parâmetros: particulados, ozônio, NOx e SOx. Principalmente nas Bacias Aéreas 1 e 3. Este fato foi considerado uma preocupação pelos técnicos do COI e a nossa resposta é que suas concentrações seriam reduzidas.

Em vez de questionar números ou a metodologia do estudo, acho mais proveitoso focar na gestão do problema, ou seja, nas medidas de redução dos níveis de concentração dos poluentes. E um bom ponto de partida seria avançar na implantação de estratégias e de modelos de gestão destas bacias aéreas para que as fontes fixas de emissão sejam controladas. Outra medida é avançar também no controle das fontes móveis, através da contínua expansão e aperfeiçoamento do programa de inspeção veicular, prática esta que o Rio de Janeiro é pioneiro e um modelo para o restante do país.

Axel Grael

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