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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cena bucólica em meio ao caos urbano

Um bote encalhado num banco de areia no "Canal" de São Francisco, próximo à ponte da Rua Tupinambás. Foto Axel Grael.

Hoje, ao sair para a minha malhação matinal, deparei-me com uma cena inusitada e surpreendente. Em meio ao engarrafamento usual da Avenida Franklin Roosevelt, no bairro de São Francisco, em Niterói, um simpático e colorido bote descançava sobre um banco de areia (ou de lodo) no poluído leito do Canal (ou Valão) de São Francisco.

A presença bucólica da pequena embarcação em meio a aquele caos urbano (trânsito e poluição) nos leva a relembrar que, na verdade, estamos diante de um maltratado rio, que nasce próximo ao Largo da Batalha, desce pela encosta da Grota, onde já houve uma bela cachoeira onde as pessoas se banhavam. Hoje esta encosta está desmatada e tomada por uma ocupação desordenada. De lá, o rio chega ao bairro de São Francisco onde continua a ser agredido. Ao longo deste curso, o rio conduz as suas águas (+ lixo + esgoto + sedimentos) para a Baía de Guanabara.

Esse rio chega a transportar tanto lixo que na época dos Jogos Panamericanos de 2007 foi incluído entre um dos que deveria receber atenção especial para evitar que o lixo chegasse ao local das competições de vela. Na ocasião, com a presença do secretário estadual do Ambiente Carlos Minc e do então prefeito de Niterói, Godofredo Pinto, foi realizado, na sua foz (na Praça José Marti), uma simulação das operações emergenciais de retirada do lixo flutuante da Baía de Guanabara. Veja na foto abaixo:


Às vésperas dos Jogos Panamericanos do Rio, em 2007, mobilizados pela FEEMA, embarcações do Plano de Emergência da Baía de Guanabara fazem simulação de contenção do lixo flutuante diante da Praça José Marti, na foz do Rio São Francisco, em Niterói. Foto de Axel Grael.

Mensagem ao bote visitante:

ATENÇÃO: alertamos o intrépido barquinho que não se engane com a placidez momentânea. Diante de chuvas fortes, este rio ganha um forte caudal, rebela-se contra o concreto das margens artificiais que lhe oprimem, transborda e inunda parte do bairro, para reclamar a sua usurpada várzea original. Portanto, cuide-se! Você ainda poderá ser soterrado por grandes volumes de lama e lixo.

Apesar de tudo, tome o devido cuidado e volte sempre. Com você por aqui, sempre nos lembraremos que o nosso bairro tem um rio e que ele precisa dos nossos cuidados. BONS VENTOS!!!

Axel Grael

Um comentário:

  1. Pois que este bote sirva-nos de alerta a respeito do quanto desrespeitamos a natureza, do aprisionamento do rio, do estreitamento de suas margens.
    Sempre que ouço ou vejo cenas de alagamentos, enchentes, etc, avalio o como era e o que foi feito por nós para que o caos (daquele momento) ocorra.
    Isso. Abraços. bom ano e bons ventos!

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