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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Projeto mais ambicioso quadruplicou orçamento para Olimpíada de 2012

O estádio olímpico para 80 mil pessoas custou 486 milhões de libras.

Pablo Uchoa

Da BBC Brasil em Londres


Em seis anos, as mudanças nas ambições do projeto olímpico londrino levaram as autoridades britânicas a apresentar ao contribuinte uma conta cerca de quatro vezes maior que a original.

A estimativa inicial de 2,4 bilhões de libras (cerca de R$ 6 bilhões) apresentada em 2005, quando Londres foi escolhida para sediar os Jogos Olímpicos, fica pequena diante dos valores a um ano da abertura do evento.

Segundo a ODA, o órgão que supervisiona os preparativos, só em obras para a Olimpíada devem ser gastos 7,25 bilhões de libras (mais de R$ 18 bilhões).

Isto inclui a construção das arenas de competição, a vila olímpica e o centro de mídia, a infra-estrutura da região dos Jogos e obras no sistema de transporte.

Levando em conta o policiamento do evento e da cidade, os Jogos Paraolímpicos e outros gastos operacionais, entretanto, o custo deve subir para 9,3 bilhões de libras (R$ 23,5 bilhões).

E as autoridades ainda precisam divulgar o valor da readaptação da infra-estrutura olímpica para uso após os Jogos.

Mas apesar do salto orçamentário, as autoridades esportivas rebateram as críticas apontando que a Olimpíada deixará "o legado mais duradouro" para Londres: a revitalização da região leste da cidade, uma área historicamente mais pobre e carente de infra-estrutura.

Ao defender a ampliação do projeto e do orçamento em 2007, a então secretária do Partido Trabalhista para a Olimpíada, Tessa Jowell, disse que os Jogos mobilizariam "um programa de regeneração que nunca poderia ser imaginado sem os Jogos".

50 anos em 5

Analistas dizem que as transformações realizadas com a realização dos Jogos Olímpicos no leste de Londres levariam décadas para serem obtidas através de projetos de desenvolvimento caminhando ao passo normal.

Segundo o orçamento da autoridade olímpica britânica, foram gastos quase 2 bilhões de libras (cerca de R$ 5 bilhões) na implantação de linhas de energia elétrica, pontes, vias e outras obras de infra-estrutura nas áreas ao redor do parque olímpico.

Outros 865 milhões de libras (cerca de R$ 2,2 bilhões) foram direcionados para obras no metrô e no sistema de transporte que servirá a região dos Jogos.

Além disso, o valor da conta subiu a partir da estimativa original porque, em 2007, o governo acreditava ser possível construir o centro de mídia e a Vila Olímpica com recursos privados, atraindo empresas para investir no evento.

Com a crise econômica que se abateu sobre o país no ano seguinte, os recursos do setor privado ficaram mais escassos e o governo teve de arcar sozinho com a conta de 1,2 bilhão de libras, ou R$ 3 bilhões.

O valor é mais alto que tudo o que foi gasto levantando as arenas em si – 1,1 bilhão de libras, cerca de R$ 2,8 bilhões. Na conta final, a construção dos locais dos jogos deve representar pouco mais que 10% dos custos totais.

Além dos 7,25 bilhões de libras em obras para preparação do Parque Olímpico, outros 2 bilhões de libras de gastos estão previstos no pacote de financiamento público.

A maior parte é destinada à segurança – uma rubrica que pode ter aumentado consideravelmente após os ataques de 7 de julho de 2005, que mataram mais de 50 pessoas em Londres poucos dias após a escolha da sede olímpica.

Legado

Ao fim da competição, o governo transformará a Vila Olímpica em moradias, reconfigurará o traçado das vias e readaptará os locais de competição para o uso cotidiano.

A ideia é evitar que as arenas e o estádio e arenas caiam no desuso e virem "elefantes brancos" na cidade.

A autarquia criada para cuidar do legado do Parque Olímpico, OPLC, na sigla em inglês, ainda está estudando o valor do custo desta transformação. A estimativa deve ser publicada no próximo relatório olímpico, que deve sair em outubro.

Sem ter sido ainda divulgada, a cifra já vem causando polêmica. Algumas estimativas apontam que só para readaptar o estádio olímpico – que deverá passar de uma capacidade de 80 mil lugares para 25 mil – o governo terá de desembolsar o equivalente a 90% de toda a obra.

Desde que o orçamento foi revisado e detalhado, em 2007, as autoridades londrinas têm mantido os custos um pouco abaixo do previsto, e 88% do total das obras já ficaram prontas.

A inauguração da 6ª arena de competição, a piscina olímpica para competições de natação e nado sincronizado, um ano antes da abertura do evento, significa que a preparação para os Jogos de 2012 também está dentro do cronograma.

Fonte: BBC Brasil

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