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terça-feira, 1 de março de 2011

A luta para a eliminação dos POPs e PCBs

Níveis de contaminação por PCBs em habitantes da Região Ártica. Fonte: UNEP/GRID-Arendal

POP e PCB que nos referimos aqui não se referem à cultura popular ou a partidos políticos, mas a perigosos compostos químicos poluentes que, embora proibidos por convenções internacionais, ainda são produzidos em alguns países e utilizados em equipamentos como transformadores. Mesmo no Brasil, alguns transformadores antigos ainda possuem estes produtos, conhecidos como ascarel.

Os PCBs (Bifenilas Policloradas) fazem parte de um grupo de compostos químicos de alta periculosidade e de alto potencial de risco à saúde, conhecidos como POP- Poluentes Orgânicos Persistentes. Ao contrário dos produtos orgânicos biodegradáveis, que são assimilados pela natureza, os POPs permanecem por longo tempo no ambiente. A preocupação com estes produtos começou a ocupar a agenda ambientalista na década de 60, quando livros famosos como "Silent Spring" (Primavera Silenciosa) e "The Sea Around Us" (O Mar ao Nosso Redor"), ambos de Rachel Carson, alertaram o mundo sobre os efeitos destes produtos para os seres vivos marinhos.

Desde então, vários estudos passaram a comprovar que até mesmo na Região Ártica, com baixíssima densidade populacional e que não possui indústrias, concentrações de POPs podem ser encontrados no sangue e na gordura de animais, inclusive dos seres humanos, como indica o mapa acima.

O Brasil é signatário da Convenção de Estocolmo que luta para banir os POPs. Trata-se de uma campanha da maior importância mas que, como em outras lutas da agenda ambiental, encontra um caminho de forte resistência de certos setores mais retrógrados. Estes lobbies conseguiram que países como os EUA e a Rússia até hoje não tenham aderido à Convenção de Estocolmo, embora a causa já tenha o apoio formal da maioria dos países (veja em ratificações)

No Brasil, e em particular no Rio de Janeiro, muitos locais foram identificados com altos teores de contaminação de solo por PCBs e há um crescente esforço para a despoluição destas áreas. O texto abaixo explica o problema e faz um relato sobre estudos e iniciativas para reverter estes problemas, considerados dentre os mais sérios passivos ambientais a serem revertidos.

Axel Grael

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Estrutura do PCB - Bifenila Policlorada

Combate ao passivo de PCBs

Agência FAPESP – O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) ampliará este ano a capacitação laboratorial de seu Centro de Metrologia Química (CMQ). O objetivo é executar ensaios e testes que darão suporte ao projeto do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para elaborar um plano nacional de gerenciamento e eliminação de bifenilas policloradas (PCBs).

Essas substâncias são definidas como compostos organoclorados com 209 possibilidades de estruturas congêneres, das quais 130 tiveram uso comercial no passado.

As PCBs também são conhecidas como ascaréis e foram fabricadas no século 20, entre as décadas de 1920 e 1980, para conferir, principalmente, propriedades dielétricas a líquidos condutores, como os fluidos de transformadores.

Segundo o IPT, esses contaminantes são encontrados também em capacitores elétricos, bombas de vácuo, turbinas de transmissão a gás, fluidos hidráulicos, plastificantes para borrachas, pesticidas, papel carbono, entre outros sistemas e materiais.

O MMA representa o compromisso do país com a Convenção de Estocolmo, que está em vigor desde 2004 e prevê a eliminação dos passivos ambientais de poluentes orgânicos persistentes até 2025.

As PCBs estão entre as substâncias dessa categoria, que abriga também agrotóxicos, insumos da indústria química e resíduos industriais. Todos são nocivos à saúde humana e extremamente estáveis, podendo migrar de um meio para outro – como do solo para a água – com facilidade de permanecer no ambiente por muito tempo.

O IPT já conta com os padrões para a realização da implantação da metodologia analítica. “Depois, teremos de passar pelo processo de acreditação do Inmetro, que é uma exigência do MMA para aceitação do relatório do ensaio”, disse Helena Lima de Araújo Glória, do CMQ.

Para a implantação da metodologia analítica será utilizada a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas para identificação dos vários congêneres das bifenilas e a cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons para separação e quantificação desses compostos.

O detector de captura de elétrons é o mais seletivo para os organoclorados, sendo capaz de detectar teores em níveis de partes por bilhão (ppb).

Estima-se que a produção mundial de PCBs seja de 1,2 milhão de toneladas, sendo que 40% devem ter migrado para a natureza por meio de descartes indevidos, enquanto o restante ainda está em uso em equipamentos antigos.

Os problemas de saúde associados à intoxicação por PCB podem ocorrer no sistema reprodutivo, segundo estudos em cobaias feitos a partir dos anos 1960, quando houve maior conscientização dos efeitos nocivos dessa substância.

Nos seres humanos, os sintomas são problemas de circulação, complicações renais, câncer no fígado e vesícula biliar, hiperpigmentação, problemas oculares, entre outros.

Fonte: Agência FAPESP
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Mais informações:
IPT: http://www.ipt.br/
Para saber sobre a Convenção de Estocolmo sobre POPs
Países signatários da Convenção de Estocolmo
Relatório da ONU: Climate Change and POPs: Predicting the Impacts

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