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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Diesel já soma 53% das emissões de CO2 no Brasil


O diesel é o maior colaborador para o agravamento do efeito estufa no Brasil. Usado como principal combustível para deslocamento de cargas, em ônibus e caminhões, o diesel respondeu, somente em 2009, por 53% de todo o lançamento de CO2 no transporte rodoviário do país, seguido de longe pela gasolina, com 26%. O relatório produzido pelo governo responsabilizou a falta de preocupação das autoridades brasileiras e o fraco investimento em outros tipos de transporte, como o ferroviário, para esse aumento das emissões da nação.


Para André Ferreira, diretor- presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) e um dos elaboradores do inventário, a centralização da questão energética do país na gasolina pode ter agravado o problema em relação ao diesel. "A troca de gasolina pelo álcool nos carros flex fuel é importante, mas não resolverá o problema", afirmou Ferreira.

O álcool é um bom substituto da gasolina pois, apesar de emitir gases-estufa, a cana-de-açúcar absorve CO2 durante seu crescimento. Mas, para Ferreira, a redução das emissões só acontecerá quando o governo investir ou na melhoria dos motores e na logística do transporte rodoviário ou, principalmente, no financiamento do transporte ferroviário, ainda incipiente no país.

Sobre o sistema ferroviário, o Brasil só possui 25% do transporte de cargas relacionadas a esse setor contra 58% das rodovias. Esse fator diferencia o Brasil dos países mais desenvolvidos, que tem uma participação muito maior do transporte ferroviário. Na Rússia, por exemplo, o transporte sobre trilhos de mercadorias chega a 81%, contra apenas 8% do rodoviário.

Resultados do inventário

Esse foi o primeiro inventário nacional de emissões veiculares feito pelo Brasil e os resultados não foram muito satisfatórios. Ao identificar os culpados pelas emissões, o relatório mostrou que a grande participação do diesel deve se manter até 2020, quando as emissões desse derivado do petróleo pode chegar a 49% de todas as emissões de CO2.

Outro dado negativo é de que em 2020, a frota rodoviária do país atinja 48,7 milhões e as emissões de CO2 aumentem para 267,5 milhões de toneladas. Esse resultado é consequência do grande aumento dos veículos desde 1980. O número da frota que era de apenas 9,3 milhões em 1980, registrou 38,2 milhões de veículos em 2009, alcançando um acréscimo de 310,7%

Para a secretária nacional de Mudanças Climáticas, Branca Americano, esse inventário foi necessário para orientar o governo em suas políticas públicas. Para ela, o relatório foi um “grande avanço” porque informou que o país ainda é muito dependente do transporte rodoviário. Na opinião de Branca, o biodiesel pode ser uma arma eficaz contra o aquecimento global agravado pelo diesel. As futuras mudanças no setor serão informadas nas provavéis atualizações do inventário.

Além da importância do relatório para notificar as autoridades sobre as emissões brasileiras de CO2, outros pontos devem ser valorizados. A queda da emissão dos chamados "poluentes locais", como o monóxido de carbono (CO) e material particulado (MP) devem ser celebradas. As emissões dessas partículas e de CO, que pioram a qualidade do ar, foram reduzidas devido a decisões do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que exigiram que as fábricas de veículos inovassem em busca de tecnologias e melhorassem a produção dos combustíveis para essa questão.

A emissão de MP, mistura de poeiras e fumaça, que havia crescido até 1997, quando foram lançadas 69 mil toneladas do poluente, diminuiu para menos da metade em 2009.

Enxofre

A alta concentração de enxofre no diesel brasileiro é outro problema relatado pelo inventário. Bastante prejudicial à saúde da população, podendo causar câncer, o enxofre já poderia ter sido diminuído na atmosfera se o adiamento da medida da TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinada em 2009 pelo governo paulista, indústrias de petróleo, montadoras e o Ministério Público Federal já estivesse vigorando.

Porém, um diesel de melhor qualidade e menos poluente ainda não está pronto para rodar por todo o país. Distribuído apenas em ônibus da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, que já calculou uma redução de 15% nos níveis de fumaça, o diesel S50, 900% menos poluente do que o usado comumente, ainda não é respeitado pelas grandes produtoras de diesel do país.

*As informações são do Estadão.

Fonte: TN Sustentável 16/02/2011

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