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sábado, 15 de janeiro de 2011

APRENDENDO COM A CIDADE DO CABO: VELA COMO INDUTOR DO DESENVOLVIMENTO


PREFEITURA DE CAPE TOWN AJUDA A PATROCINAR A REGATA CAPE TOWN-RIO E VIABILIZA A PARTICIPAÇÃO DO PROJETO GRAEL
Os barcos que os velejadores do Projeto Grael e da Izivunguvungu disputarão a regata Cape Town-Rio são patrocinados pelo governo municipal da Cidade do Cabo, que arrendou os barcos e custeou as despesas de preparação para a regata: reforma das embarcações, equipamento, suprimentos, despesas diretas com os velejadores sulafricanos, etc.

O Projeto Grael, com o apoio da G-Comex e da Wellstream, cobriu as despesas de transporte dos velejadores brasileiros até a África do Sul.

Segundo o site oficial da cidade, a administração municipal de Cape Town decidiu apoiar a regata com um patrocínio de 500 mil rands (cerca de R$ 122 mil), sendo que 350 mil rands é proveniente do Departamento de Esportes e Recreação e 150 mil do Departamento de Turismo. Os recursos tiveram vários destinos, dentre eles, patrocinar os dois barcos.

Ao comentar o apoio que a cidade deu diretamente às duas tripulações formadas por velejadores de organizações sociais (Projeto Grael e Izivunguvungu), o conselheiro Brett Herron, membro do Comitê de Serviços Comunitários da Prefeitura, declarou que:

"Estamos confiantes que esta oportunidade contribui para o desenvolvimento social dos tripulantes e para o desenvolvimento do esporte e estamos orgulhosos de ter estes times velejando sob a bandeira da cidade".

EVENTOS NÁUTICOS E DESENVOLVIMENTO

O que gostaríamos de destacar e sugerir uma reflexão é a invejável postura da Cidade do Cabo com relação às atividades náuticas. A cidade considera que o apoio à vela uma estratégia de desenvolvimento, que pretende posicionar-se como um hub turístico internacional. Para isto, consideram o investimento na regata Cape Town - Rio a plataforma ideal para fazer da cidade um destino para eventos náuticos, dando visibilidade para a capacidade de organização e a infraestrutura oferecida.

Assim como a Cidade do Cabo, o Rio de Janeiro tem uma posição geográfica privilegiada para o turismo náutico. Historicamente, a Cidade do Cabo é praticamente uma parada obrigatória para que quem veleja pelo Atlântico e dirige-se ao Oceano Índico. Os portugueses foram os primeiros a descobrir e a divulgar isso para o mundo. Da mesma forma, o Rio de Janeiro tem sido historicamente um ponto atraente de escala para navegadores que se dirigem para o sul da America do Sul e para o Pacífico.

Mas, diferentemente da Cidade do Cabo, o Rio de Janeiro ainda não acordou para este potencial para alavancar a sua economia. A capital carioca acabou de perder a parada da Volvo Ocean Race e a própria regata Cape Town-Rio foi despresada pela cidade, tendo sido transferida para Salvador, em um passado próximo. Só retornou à cidade com a visão e a colaboração que veio da própria África do Sul, e que foi abraçada pelo ICRJ.

Assim como a regata Cape Town-Rio volta agora ao Rio de Janeiro, o ICRJ - Iate Clube do Rio de Janeiro está resgatando para a cidade outra regata histórica para a vela brasileira, a Buenos Aires-Rio, que ocorre simultaneamente à Cape to Rio e cujos barcos deverão chegar ao Rio ao mesmo tempo.

Que estas regatas motivem definitivamente o Rio de Janeiro a valorizar a sua tradição e assumir uma de suas maiores vocações: os eventos náuticos. Que o Rio de Janeiro aprenda com a Cidade do Cabo (Cape Town) e tantas outras cidades no mundo que disputam os eventos náuticos, sabedoras que são das divisas que estas representam, por movimentar o turismo, serviços e a indústria local.

Vamos afastar de vez a visão que a náutica é uma coisa elitista e vamos enxergar os resultados que o Projeto Grael está mostrando ao Brasil. Hoje, os projetos públicos e privados de vela educativa e social - quase todos inspirados ou criados com algum apoio do Projeto Grael - já formam mais velejadores do que todos os iate clubes juntos, como exaltou recentemente a Confederação Brasileira de Vela e Motor.

Portanto, a vela é elitista? Ainda é sim, mas não precisa ser. Uma vela elitista e excludente, frustra e constrange. Barcos podem ser muito mais do que são hoje no Brasil.

Em breve, a vela deixará de ter a sua imagem tão vinculada a elite e os barcos terão o seu valor econômico, educativo e social tão valorizados quanto a contribuição que já deram ao esporte do país. 

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