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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Projetos sociais têm conseguido reverter a imagem elitista da vela

Projeto Grael: tudo começou com um toldo na praia do Preventório, em Niterói. (Foto acervo do Projeto Grael).

O nascimento da vela social

Há mais de 12 anos, quando demos início ao Projeto Grael - iniciativa pioneira de promover a educação e a inclusão social através dos esportes náuticos - enfrentamos a desconfiança de muita gente. "Um projeto social com um esporte tão elitista como a vela?"

O Projeto Grael tem origens em 1988, foi idealizado em 1996 e foi fundado, em 1998, em Niterói (RJ), por Torben Grael, Lars Grael e Marcelo Ferreira, com a minha ajuda e a colaboração técnica dos professores de educação física Cintia Knoth e Luiz Evangelista. Por parte da Prefeitura de Niterói, contávamos com a facilitação de Carlos Alberto Parizzi. Como se fosse um laboratório, ali foi concebida a base conceitual e foram testadas as metodologias para o desenvolvimento da Vela Social.

Do início num toldo na areia da praia à nossa sede atual, trilhamos um longo caminho. A busca pela sede, o aperfeiçoamento metodológico, a implantação do programa profissionalizante, a implantação dos programas ambientais. Enfim, hoje temos uma organização sólida, que abre cerca de 750 vagas/ano para estudantes da rede pública, apenas em Niterói.

Políticas públicas

Em 1999, logo após o seu triste acidente, Lars Grael teve a oportunidade de assumir uma diretoria do então INDESP (Instituto de Desenvolvimento do Desporto - já extinto) e, posteriormente, de ocupar a Secretaria Nacional do Esporte, onde transformou a experiência do Projeto Grael em uma política pública. Estava criado assim o Projeto Navegar. Mais de 33 cidades brasileiras, da Amazônia ao Rio Grande do Sul, receberam instalações, equipamentos e equipes treinadas para operar iniciativas espelhadas no Projeto Grael. Infelizmente, o Navegar pedeu muita força após a saída de Lars Grael do Ministério e, quase todas as unidades acabaram abandonadas, salvo algumas exceções, quando foram adotadas por iniciativas locais.

Depois, já como Secretário Estadual da Juventude, Esporte e Lazer, do Governo do Estado de São Paulo, Lars Grael criou o Projeto Navega São Paulo. Mais 15 unidades se instalaram no estado de São Paulo, nos seguintes municípios: Presidente Epitácio, Praia Grande, São Bernardo do Campo, Santos, São Vicente, Cubatão, Barra Bonita, Piraju, Mairiporã, Ilha Comprida, Ilhabela (assumiu o Navegar local), Rifaina, Paraibuna, Rubinéia e Avaré. Ao contrário do Projeto Navegar, o Navega São Paulo, mesmo com altos e baixos, continuou ativo e muito consistente. Hoje se estrutura com base no apoio de lideranças e velejadores locais.

Outros estados também aderiram à iniciativa. Foi o caso Pará, que criou o Navega Pará, encampando algumas unidades abandonadas pelo Projeto Navegar e criando novas unidades.

Rede Náutica Educativa

Projetos sociais já formam mais velejadores do que os iate clubes.
Além da ação governamental, iniciativas de ONGs locais também deu início a importantes unidades voltadas ao desenvolvimento de esportes náuticos com objetivos sociais.

O próprio Projeto Grael expandiu-se. Atuou em Vitória-ES e Maricá-RJ (infelizmente as duas unidades foram desativadas) e mantém uma bem sucedida unidade em Três Marias (MG), em parceria com a CEMIG. Hoje, aprendemos com os problemas e com os fracassos iniciais e alimentamos o nosso entusiasmo com as muitas estórias de sucesso. Com a ajuda da UFF - Universidade Federal Fluminense, começamos a preparar uma franquia social para o Projeto Grael, de forma a expandi-lo para outras cidades. No momento, estudamos a criação de 10 novas unidades.

Diante deste rápido crescimento, a CBVM - Confederação Brasileira de Vela e Motor já estima que as iniciativas de vela social já podem estar formando mais velejadores do que os tradicionais iate clubes.

Devido a importância já alcançada pela náutica social e para fortalecer estas iniciativas, evitando que o ocorrido com o Projeto Navegar possa voltar a acontecer, o Projeto Grael apresentou uma proposta de criação de uma Rede Náutica Educativa. O objetivo é partilhar ideias, capacitar os profissionais envolvidos e promover a união entre as lideranças que promovem estes trabalhos. A CBVM já credenciou o Projeto Grael para ajuda-la a estabelecer parâmetros para a vela social e promover a Rede Náutica Educativa.

Apesar da frustração de ver o Projeto Navegar, do Ministério do Esporte, naufragar na falta de continuidade, é com muito orgulho que vemos muitas destas unidades sobreviverem e se desenvolverem, e com os seus resultados comprovarem que estávamos certos.

Resultados

No caso do Projeto Grael já beneficiamos mais de 10.000 jovens, inserimos centenas de profissionais no mercado de trabalho, formamos campeões brasileiros e regionais e, hoje, nos preparamos para ter nossos velejadores a bordo de um barco que participará da Regata Cidade do Cabo - Rio, atravessando o Oceano Atlântico.

Semana de Vela de São Sebastião (SP) foi dominada por velejadores oriundos de iniciativas de vela social.

Entre os dias 13 e 15 de novembro aconteceu no litoral norte paulista a 7ª edição da Semana de Vela de São Sebastião. Foram disputadas regatas das classes Optimist, Dingue, 420, Laser, Open Bic, Byte, Kitesurf e Holder, sendo que para esta última também aconteceu o Campeonato Brasileiro. Merecem destaque os velejadores de Ilhabela que conquistaram 17 pódios na maioria das categorias.

Veja os resultados abaixo

Optimist principiante:
1- Helio Barreto - Escola de Vela de Ilhabela
2- William Gomes - Escola de Vela de Ilhabela
3- Victor Lira - Escola de Vela de Ilhabela

Feminino
1- Larissy Leandro - Projeto Ventos e Velas
2- Melina Nahir Nieto - Projeto Ventos e Velas

Geral
1- Helio Barreto - Escola de Vela de Ilhabela
2- William Gomes - Escola de Vela de Ilhabela
3- Victor Lira - Escola de Vela de Ilhabela

Dingue iniciante
1- Wesley Vital dos Santos e Matheus Alves - Escola de Vela de Ilhabela
2- Romario Ramon Costa Inocêncio e Vitor – Projeto Ventos e Velas
3- Giovani e Anderson Carlos/ Tiago Malafaia- Projeto Ventos e Velas

Geral
1- Thiago e Laís Corhal- Navega Praia Grande
2- Wesley Vital dos Santos e Matheus Alves - Escola de Vela de Ilhabela
3- Silvio Bello e Vitor Sudbrock - Navega Praia Grande

Classe 420
1- Elder J. P. dos Anjos e José Vieira do Nascimento - Escola de Vela de Ilhabela

Laser 4.7 geral
1- Givago Pontes de Mattos – Projeto Ventos e Velas
2- Anderson Souza Brandao – Escola de Vela de Ilhabela
3-Gabriela Genúncio da C. M. Costa - Projeto Ventos e Velas

Open Bic
1- Lucas Filshill - Bl3 Armação
2- Carolina Vieira D'almeida

Byte junior
1- Venino Pontes de Mattos - Projeto Ventos e Velas
2- Jefferson dos Santos Bastos - Projeto Ventos e Velas
3- Murilo Rodrigues - Escola de Vela de Ilhabela

Feminino
1- Laleska dos Santos Leandro - Projeto Ventos e Velas
2- Maura Tassone - Escola de Vela de Ilhabela
3- Mirella Zanelli - Projeto Ventos e Velas

Paulista de Byte
1- Roberto Pontes de Mattos Filho - Projeto Ventos e Velas
2- Venino Pontes de Mattos Projeto Ventos e Velas
3- Jefferson dos Santos Bastos - Projeto Ventos e Velas

Holder iniciante
1- Gabriel Silva - Navega Praia Grande
2- Luan Ferrari - Projeto Ventos e Velas
3- Davi Monteiro M. Ferreira Projeto Ventos e Velas

Feminino
1- Mariana Matheus - Escola de Vela de Ilhabela
2- Daniela Faggiane - Navega Praia Grande
3- Natália Barbosa - Navega Praia Grande

A
1- João Paulo da Silva E Silva - Escola de Vela de Ilhabela
2- Rafael Soares - Navega Praia Grande
3- Erick Vinicius - Navega Praia Grande

B
1- Cristiano Guimarães - Navega Praia Grande
2- Thiago Ramos - Navega Praia Grande
3- Diego Souza de Lima - Navega Praia Grande

Geral válido pelo Campeonato Brasileiro
1- João Paulo da Silva e Silva - Escola de Vela de Ilhabela
2- Rafael Soares - Navega Praia Grande
3- Mariana Matheus - Escola de Vela de Ilhabela

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Ao comentar os resultados em São Sebastião, Lars Grael orgulhoso desabafou:

"O tempo prova que a boa ação pública não é aquela que dá certo, mas aquela que perpetua-se certa após a gestão dos seus criadores". Lars Grael
Estamos totalmente de acordo. Precisamos agora mostrar a força e a importância da Náutica Social e contar que na nova gestão, de Dilma Roussef, tenhamos apoio para retomar o Projeto Navegar, que infelizmente perdeu-se nas águas passadas da gestão que finda.

Enfim, está na hora da comunidade náutica nacional reconhecer, valorizar e abraçar a náutica social como o futuro do esporte, como a solução para a integração com a sociedade, para o crescimento e para a valorização da vela, longe de vez do incômodo rótulo do elitismo.

Para isso, precisamos fortalecer nos iate clubes, nas classes (categorias da vela) e federações a percepção que a eles também cabe uma ação de responsabilidade social. E para cada velejador, que haja o compromisso com o novo cenário da vela: um esporte baseado em conceitos socialmente responsáveis e engajada nas estratégias de desenvolvimento nacional.

TEREMOS ENTÃO CAMPEÕES TAMBÉM DE CIDADANIA.


Axel Grael
Presidente
Instituto Rumo Náutico - PROJETO GRAEL.

Um comentário:

  1. Prezado Axel,
    Tenho acompanhado com orgulho o destaque que o Projeto Grael vem recebendo até no âmbito internacional.
    Estou desenvolvendo e divulgando em Niterói, talvez a forma de velejar mais barata e inclusiva que existe no mundo e que nos países desenvolvidos está em crescimento exponencial e percebo que atrai para a vela pessoas maduras e da 3ª idade.
    Gostaria muito de conversar contigo meu tel: 21 7666-2937
    Danilo
    www.veleirok.blogspot.com
    www.veleirok.com.br

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