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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Polêmica da exclusão da Classe Star das Olimpíadas - I

23/11/2010 - 16h08

Lars Grael velejando na Classe Star. Foto: divulgação.
Velejadores revelam briga política em exclusão e iniciam lobby por Star olímpica

Bruno Doro e Rubens Lisboa
Em São Paulo
 
Uma briga política entre uma das entidades mais tradicionais da vela e o órgão que comanda a modalidade no planeta está no centro da exclusão da classe Star dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. E, para que o Brasil não perca sua maior esperança de medalhas nas Olimpíadas que vai organizar, os velejadores já preparam uma guerra nos bastidores para reverter a decisão.

Nesta terça-feira, Robert Scheidt e Lars Grael confirmaram que a decisão do Congresso da Isaf (Federação Internacional de Vela) da semana passada, que definiu os eventos olímpicos para 2016 sem a classe Star, foi uma demonstração de poder. “A Classe Star completa 100 anos em 2011. Tem mais tradição que a Isaf e tem muita independência. Essa decisão foi uma tentativa de enquadrar a Star”, revelou Lars Grael ao UOL Esporte.

O barco Star foi criado em 1911 e, desde 1932, está no currículo olímpico. A Isaf nasceu em 1907, como União Internacional de Vela, mas só ganhou força em 46, quando os presidentes deixaram de ser eleitos apenas para cuidar dos encontros anuais e passaram a ter um mandato. O nome atual, inclusive, só foi dado em 1996.

“É um critério político e o Brasil vai precisar fazer lobby para que essa decisão não seja confirmada. Mas é importante lembrar que em 1997 a Star já tinha sido excluída, mas voltaram atrás”, afirmou Robert Scheidt, atual vice-campeão olímpico da classe ao lado de Bruno Prada.

“Essa pressão que o Rio como sede poderia exercer, até o presidente do COI [Jacques Rogge], que é velejador, infelizmente de Finn e não de Star. Aliás, nunca se cogitou tirar a Finn, que tem um lobby muito grande devido ao presidente do COI ter velejado nesse barco”, completa Scheidt.

Para reverter a decisão, Grael já falou com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e do Comitê Organizador do Rio 2016, Carlos Nuzman. Oficialmente, o COB afirmou ao UOL Esporte que não tem como fazer nada a respeito, já que não tem ingerência para definir modalidades e provas. “É claro que o Nuzman não pode falar abertamente sobre isso, mas ele já falou com a Isaf e sabemos que o Brasil vai ter muita força política nesse decisão”, fala Lars.

A aposta é na força da Star na sede dos Jogos. “Sem a Star, a vela vai perder muito em público, em mídia, em apelo no Brasil. Não faz sentido tomar essa decisão aqui”, diz Lars. “A Isaf fala que a decisão é pela TV, pela velocidade, mas em Pequim, foi a classe que teve a final mais emocionante. A exclusão vai contra as próprias ideias da entidade”, completa Scheidt.

Além dos problemas por parte da Isaf, Robert Scheidt também afirma que a própria classe Star precisa ceder e se enquadrar ao que pede a entidade, o que faria a classe perder parte de sua independência. Pela tradição e a força independente que a categoria tem e pelo aumento significativo de valores de equipamentos nos últimos anos, Schedit vê certa arrogância da classe.

“A Star sabia que estava em problemas e argumentou apenas com a tradição. A classe tem que ceder também. O barco encareceu muito nos últimos anos e deveria ser coibido isso. Um barco da Star hoje custa 50 mil euros, sendo que há cinco anos custava 30 mil. A tradição e as próprias regras da Star complicam, a classe precisa ceder e se adaptar ao que pede a Isaf. Está mais complicado desta vez. O que vi dos e-mails é que a reinclusão é a melhor forma de tentar voltar. O que pega para a Star é querer incluir os seus e tirar atletas de outras classes”, afirma Scheidt.

A decisão definitiva sobre as classes será tomada apenas em 2011, no Congresso anual da entidade que ocorre em maio.

Fonte: UOL

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