Matéria na imprensa:
Educadores do Brasil e do exterior discutem em Brasília educação integral
Seminário internacional Educação Integral em Jornada Ampliada acontece de 24 a 26 de novembro
Educadores, gestores governamentais e de universidades públicas brasileiras vão trocar experiências sobre educação integral com representantes dos governos da Coréia do Sul, Espanha, França, Inglaterra e Finlândia. A partir de quarta-feira, 24, até sexta, 26, na Academia de Tênis, em Brasília, eles participarão do seminário internacional Educação Integral em Jornada Ampliada, promovido pelo Ministério da Educação.
Da parte brasileira, participam do evento os coordenadores estaduais e das capitais do programa Mais Educação, representantes das secretarias estaduais de educação e das 45 universidades públicas que trabalham na formação de professores, gestores e monitores do programa nas 27 unidades da Federação.
Jaqueline Moll, diretora de educação integral da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do MEC, explica que haverá discussões e reflexões sobre as experiências de educação integral no âmbito das políticas públicas. Segundo a diretora, os debates serão concentrados em temas como organização curricular, financiamento, formação de professores e de profissionais de apoio, alimentação e espaços escolares.
Outro ponto do seminário de interesse dos gestores públicos é o conhecimento das experiências com educação integral desenvolvidas por esse grupo de nações européias e do leste da Ásia. Argentina, Chile, Cuba, Canadá e Nova Zelândia também foram convidados, mas seus representantes ainda não confirmaram presença.
Desafio
Não copiar modelos, mas ouvir, perguntar e dialogar com as nações é o caminho do Brasil, segundo a diretora. Ela salienta que o país tem o desafio de oferecer escola em tempo integral a 53 milhões de crianças e jovens da educação básica, conforme dados do censo escolar de 2009.
No país, a educação integral nas redes públicas estaduais e municipais da educação básica é recente. As primeiras escolas começaram oferecer educação integral em jornada ampliada em 2008. Em 2010, dez mil unidades de ensino receberam recursos do MEC para atender 2,2 milhões de estudantes em jornada ampliada.
(Ionice Lorenzoni, da Assessoria de Imprensa do MEC)
Fonte: Jornal da Ciência
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MINHA OPINIÃO:
O debate sobre a educação em tempo integral tem ganhado corpo no Brasil e é estratégico para a construção do futuro do precário sistema de educação no país. Segundo a ideia, o sistema de meio turno seria alterado, aumentando a jornada do aluno e a carga horária efetiva de aulas, o que permitiria, inclusive que a escola fornecesse a alimentação (almoço). O que parece uma grande novidade e um enorme desafio para nós, já é praticado na maioria dos países desenvolvidos e até mesmo em desenvolvimento.
É bom lembrar que o turno único já integrou o sistema de educação do RJ na época do programa dos CIEP, implantado pelo saudoso Darci Ribeiro.
Diante da proposta, algumas perguntas e considerações são pertinentes:
1- ESCOLAS: Como resolver o problema da falta de escolas? Mais horas do aluno na escola, demandará mais escolas, pois hoje a escola recebe alunos no período matinal, no vespertino e até noturno. Se será um turno único, em princípio cada escola, com a estrutura atual, só poderá receber a metade ou um terço dos alunos.
2- PROFESSORES: Hoje, a escola pública não consegue atrair professores na quantidade e na qualidade que precisa. Como será resolvido o problema no cenário da escola em turno ampliado?
3- VERBAS: Como ampliar o orçamento da União, estados e municípios para custear a nova escola?
4- SOCIEDADE CIVIL: Como que as ONGs que têm foco de atuação nos estudantes da rede pública (programas de esportes, cultura, profissionalização, etc) se adaptarão? Hoje, etas organizações têm um importante papel de complementar a atuação da escola formal, suprindo atividades que garantem um significativo ganho de qualidade na educação pública.
Desafio para as ONGs: adaptar a sua atuação ao novo cenário
A resposta à última pergunta merece um pouco mais e reflexão. Hoje, a maioria das ONGs, como faz o Projeto Grael, oferecem o seu programa no "contra-turno": se o aluno vai à escola de manhã, participa das atividades de tarde e vice-versa. Se será turno único, como será possível? Acho que é necessário e possível conciliar, fazendo com que a atuação destas organizações parceiras da escolas sejam mais intimamente integradas na agenda da escola formal.
A escola de hoje, já sobrecarregada e incapaz de oferecer um programa mínimo de ensino que os tempos de hoje exigem (ciências, tecnologia, meio ambiente, cidadania, esportes, saúde, planejamento familiar, etc) e a do futuro, em turno único, cuja agenda ainda está em construção, ainda não será capaz de suprir toda a demanda que poderia potencialmente obter com a ajuda direta da sociedade, traves de suas organizações independentes.
A união de esforços e a integração escola + sociedade civil poderá ser muito boa, com ganhos de qualidade de parte a parte. Há alguns anos, a Fundação Itaú Social e o CENPEC adotaram como tema do Prêmio Itaú Social a expressão: "Muitos Lugares de Aprender". O tema desafiador, instigava o terceiro setor a refletir sobre como outros segmentos da sociedade podem se engajar com a escola no esforço de promover uma educação de qualidade? Esta discussão continua muito atual. O avanço da reflexão sobre o tema ajudará a achar o lugar das ONGs no futuro cenário da escola de turno único.
Axel Grael
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