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sábado, 31 de julho de 2010

Lambança histórica



Ilustração do site oficial da BP mostrando os tipos de operação para o controle das manchas de óleo no mar do Golfo do México. Dentre as operações estão a queima de óleo na superfície do mar e a aplicação de dispersantes químicos por avião. (www.deepwaterhorizonresponse.com)


Há duas semanas, anunciou-se que estaria controlado, ainda que provisoriamente, o vazamento de óleo no Golfo do México. O acidente ambiental, um dos maiores da história, teve início no dia 24 de abril com a explosão da plataforma Deepwater Horizon, de propriedade da empresa BP-British Petroleum.
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Desde então, estima-se que vazaram para o mar cerca de 378,5 milhões de litros de óleo, alarmando a população do litoral sul dos EUA e ilhas do Caribe, além chocar o mundo com as lamentáveis cenas de animais agonizantes sob o efeito do óleo. Pesquisadores, ambientalistas e autoridades procuram, agora, compreender o que aconteceu com todo o óleo derramado e a real dimensão dos impactos ambientais.
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A empresa responsável pelo desastre anunciou que conseguiu retirar do mar cerca de 140 milhões de litros e que promoveu a queima no próprio mar (uma prática questionável) de cerca de 38 milhões de litros de óleo. Ou seja, apenas teriam sido retirados do mar cerca de 47% de todo o óleo, e isso confiando-se na contabilidade da própria empresa. Mais da metade do óleo teria se volatizado na superfície, ou estaria no fundo do mar, ou, ainda, permaneceria em camadas intermediárias da coluna d´água.
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O óleo submerso é a maior preocupação de todos, pois esse quantitativo, que deve ser a maior parte do óleo ainda remanescente, tem alto potencial de danos e é praticamente impossível de ser resgatado. Esse problema teria sido agravado com a decisão do uso indiscriminado de dispersantes químicos aplicados por aviões e embarcações sobre as manchas que se aproximavam da costa. O efeito colateral do uso desses produtos é a precipitação da parte mais pesada do óleo, atingindo as camadas mais profundas do mar.
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Os cientistas não têm ideia dos impactos gerais do acidente para a vida marinha e até mesmo sobre a economia. Uma das poucas certezas que se pode ter é que, depois desse acidente, muita coisa deve mudar na exploração de petróleo em águas profundas, com forte impacto nas perspectivas brasileiras de exploração do pré-sal.
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Da coluna Rumo Náutico, de Axel Grael. Jornal O Fluminense, 31/07/2010.
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OPINIÃO:
Governo anuncia o PNC- Plano Nacional de Contingência de Derramamento de Óleo
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A ministra do Meio Ambiente, Izabella Monica Teixeira, anunciou que o governo está preparando um plano para evitar e combater acidentes semelhantes ao ocorrido no Golfo do México, caso ocorram no llitoral brasileiro.
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Segundo declarou ao jornal O Globo, o governo quer seguir o exemplo da estratégia de atuação do governo americano no caso da BP e mudar a legislação brasileira que proibe a queima e o uso de dispersantes diretamente no poço, onde há o vazamento. Com muitas restrições, a legislação brasileira permite apenas o uso de dispersantes nas manchas de óleo na superfície.
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Quando fui presidente da Feema, de 1999 a 2001, enfrentei o acidente com o vazamento de óleo da REDUC na Baía de Guanabara, o vazamento da Plataforma P-7 e o afundamento da P-36. Em todos esses casos, tivemos que ser firmes e impedir que os dispersantes fossem utilizados. A sua aplicação é uma solução bastante atraente para as empresas de petróleo, pois faz com que a prova do crime saia rapidamente da cena. Vazamentos de óleo são desastres terríveis para o meio ambiente, mas também para a imagem das empresas e dispersar manchas de óleo é uma tentação compreensível.
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O problema são os efeitos colaterias destes produtos químicos. Dispersar tem vantagens nestes momentos de contingência, é claro: aumenta a velocidade de volatização e evita que grandes quantidades de óleo cheguem aos frágeis ecossistemas costeiros, como costões rochosos, estuários, manguezais, pântanos e outras áreas úmidas, etc. O problema é que a ação dos dispersantes (mesmo algumas formulações mais recentes e menos tóxicas) é muito lesiva para o plâncton e faz com que uma parte importante do óleo afunde no mar, ficando em camadas intermediárias da coluna d´água, atingindo também as comunidades bentônicas (fundo do mar) que são a base da cadeia alimentar e de onde é praticamente impossível removê-la.
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Em outras palavras, o uso dos dispersantes pode servir para jogar a "sujeira para debaixo do tapete". Outro problema, que não pode deixar de ser considerado é que, de acordo com a legislação ambiental brasileira, os órgãos ambientais precisam avaliar a dimensão do dano ambiental na hora de calcular as multas que serão aplicadas aos responsáveis pelos desastres ambientais. Neste caso, o uso de dispersantes pode prejudicar muito o trabalho dos técnicos, pois simplesmente muda rapidamente "a cena do crime".
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Axel Grael





Um comentário:

  1. O interessante dos E.U.A é o Marketing. Abafam as divulgações que vão contra a própria imagem. Na verdade, acho que o óleo continua vazando por lá em menor proporção que seja mas agora vai começar a temporada de tempestades na região e vai misturar tudo. Vamos ver!

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