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domingo, 17 de janeiro de 2010

Carros saindo de cena?

Engarrafamento na rodovia entre São Paulo e Santos.


Um dos mais influentes ambientalistas do mundo, Lester Brown, presidente do Instituto de Políticas da Terra, publicou um relatório em que anuncia que o amor centenário dos americanos pelos automóveis pode estar diminuindo. Números apresentados no relatório intitulado “Plano B 4.0: Mobilizando para salvar a civilização”, mostram que a frota de veículos nos EUA encolheu em 4 milhões de unidades em 2009. Foram vendidos 10 milhões de carros novos, enquanto 14 milhões foram desmontados e retirados das ruas. Apesar de ser um número tímido perto do tamanho da frota americana – mesmo reduzida, terminou o ano com 246 milhões de veículos - essa seria a primeira vez na história, desde a II Guerra Mundial, que isso aconteceu.

Brown afirma ainda acreditar que a tendência de redução do número de carros deve continuar até 2020. Ao analisar os motivos, o relatório afirma que não foi apenas a crise econômica que desestimulou o afastamento dos carros. A saturação do mercado (existem cinco carros para cada quatro motoristas licenciados nos EUA), insegurança com relação ao petróleo, aumento no preço dos combustíveis, frustração com os engarrafamentos, a crescente preocupação com os impactos climáticos dos veículos com motor a combustão. A queda no interesse pelos carros é maior entre os jovens. O Instituto do Transporte do Texas calculou que os custos dos engarrafamentos nos EUA (desperdício de combustível e tempo) saltaram de US$ 17 bilhões em 1982 para US$ 87 bilhões em 2007.

Você já calculou os seus prejuízos com os nossos congestionamentos diários?

Outras partes do mundo também têm demonstrado essa tendência com relação aos automóveis. No Japão, a venda de automóveis despencou 21% desde 1990. Na Alemanha, conheci um prédio em Berlim, em que os seus moradores venderam seus próprios carros e passaram a usar apenas um veículo de forma partilhada. Lá, há anos a população prefere as ciclovias às ruas de automóveis. No Brasil, mesmo com as cidades já abarrotadas de automóveis, ainda estamos apegados ao rodoviarismo e ávidos por mais carros.

Nessa semana, um alento. O Ministério das Cidades anunciou que investirá R$ 7,68 bilhões em mobilidade urbana nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Somado às contrapartidas estaduais e municipais, os investimentos chegarão a R$ 11,48 bilhões, a serem aplicados em 47 projetos. Os investimentos serão prioritariamente em soluções de transporte mais eficientes.

Coluna Rumo Náutico, de Axel Grael. Jornal O Fluminense, 16/01/10

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