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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

RJ MÓVEL: comemoramos com a comunidade a conclusão da obra da Romanda Gonçalves



Assista ao vídeo do RJ Móvel aqui.


Hoje, fui mais uma vez entrevistado pelo quadro RJMóvel sobre a obra de infraestrutura da Avenida Romanda Gonçalves.

Diferente das vezes anteriores, quando o clima era de ansiedade e expectativa pela conclusão, desta vez, o clima estava muito animado e a população festejou os resultados da obra.

Além do clima de confraternização, a gratidão da população foi expressa num belo e apetitoso bolo preparado por uma das senhoras presentes.






Fiquei feliz e com o sentimento de missão cumprida, mesmo sabendo que trata-se apenas da primeira etapa do trabalho de melhoria de toda a infraestrutura da Região Oceânica.

O próximo passo é a pavimentação e drenagem das ruas transversais, que virá com a conclusão da elaboração do projeto executivo para a infraestrutura das ruas do Maravista, Serra Grande e Engenho do Mato.

Vamos em frente!

Axel Grael
Secretário Executivo
Prefeitura de Niterói



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A gente sabe que é obrigação, mas trabalhar e receber todo esse carinho e reconhecimento não tem preço!

Hoje representantes da Prefeitura estiveram na Romanda Gonçalves, junto aos moradores e equipe do RJMóvel, para prestar contas de mais uma obra finalizada na Região Oceânica da cidade.

As intervenções na via, que tem 3,5 quilômetros de extensão, são fundamentais para o bairro, que deixará para trás as décadas de sofrimento com alagamentos e também possibilitará a drenagem de ruas do Engenho do Mato e do Maravista, a melhor mobilidade da Avenida Central, além de mais qualidade de vida para os moradores.

A Região Oceânica vem recebendo, nos últimos anos, o maior investimento de sua história em infraestrutura e a Prefeitura continuará trabalhando para realizar todas as melhorias necessárias.

Mais uma vez, o nosso muito obrigada por todo o reconhecimento e carinho, pessoal!

Fonte: Prefeitura de Niterói



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STF decide manter anistia a desmatadores concedida pelo Código Florestal



Ministros do STF reunidos em plenário durante a sessão desta quarta (28) (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

Por Rosanne D'Agostino, TV Globo, Brasília

Código prevê anistia a donos de terras que desmataram além do permitido até 2008. Em novembro, relator Luiz Fux votou contra perdão, mas maioria dos ministros não seguiu o entendimento.


O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (28) manter a anistia concedida pelo Código Florestal a donos de terra que desmataram além do permitido até 22 de julho de 2008.

Com a decisão, a Corte finalizou nesta quarta o julgamento de cinco ações que questionavam diversos pontos do código.

A lei que instituiu o Código Florestal foi sancionada em 2012 pela ex-presidente Dilma Rousseff e define o que deve ser preservado e restaurado nas propriedades rurais no país.

A análise das ações pelo Supremo foi iniciada em novembro do ano passado, quando o relator dos processos, ministro Luiz Fux, votou a favor de derrubar o perdão a multas e punições criminais previsto na lei a proprietários.

Pelo código, quem desmatou até 2018 e se cadastrou para se adequar às regras ambientais (se comprometendo a reparar o dano) teve o beneficio de suspensão de sanções e multas. Para coletar os dados, foi criado o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que hoje conta com 4 milhões de imóveis rurais registrados.

Embora o julgamento tenha começado em novembro, com o voto de Fux, no último dia 22 os ministros retomaram a análise, mas adiaram para esta quarta a decisão sobre os processos.

Durante a sessão, ministro Celso de Mello, que faltava votar, afirmou que o direito ao meio ambiente é coletivo e deve ser assegurado às presentes e futuras gerações. Defendeu, ainda, que a anistia "estimula os agentes que tenham praticado determinados delitos ambientais a solver o seu passivo ambiental".

"O direito à integridade do meio ambiente constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva refletindo dentro do processo de afirmação dos direitos humanos a expressão de um poder deferido, não ao indivíduo em sua singularidade, mas em um sentido mais abrangente, à coletividade social", completou.

Entenderam que o Código Florestal não concede anistia ampla: Celso de Mello, Rosa Weber, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Alexandre Moraes e Cármen Lúcia (presidente da Corte).

Votaram contra a anistia: Luiz Fux, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio e Ricardo Lewandowski.

Outros pontos polêmicos

Além da anistia, os ministros também analisam outros questionamentos ao Código Florestal, considerado por ambientalistas mais frouxo na preservação da vegetação nativa do que as leis anteriores.

Um dos pontos do código permitiu que um proprietário que desmatou além do permitido possa realizar a compensação ambiental em um mesmo bioma, e não mais em uma mesma microbacia, isto é, numa área próxima banhada pelo mesmo rio ou seus afluentes.

Os ministros fizeram a interpretação de que essa compensação pode ser feita apenas em "áreas de mesma identidade ecológica", ou seja, uma área mais restrita.

Voto do relator

Quando o julgamento começou, em novembro, Luiz Fux afirmou que até 2012, ano em que foi aprovado o Código Florestal, o desmatamento no Brasil vinha caindo constantemente. A partir daquele ano, porém, os índices cresceram, atingindo alta de 74,8% em 2016.

“Certamente a anistia das infrações cometidas até 22 de julho de 2008 pode ser apontada como uma das possíveis causas para esse aumento. Ao perdoar infrações administrativas e crimes ambientais pretéritos, o Código Florestal sinalizou uma despreocupação do estado para com o direito ambiental, o que consequentemente mitigou os efeitos preventivos gerais e específicos das normas de proteção ao meio ambiente”, disse.

Na retomada do julgamento nesta semana, vários ministros divergiram de Fux, sob o argumento de que o perdão para quem desmatou além do permitido antes de 2008 foi condicionado à reparação da vegetação devastada, mediante a assinatura de um termo de compromisso com o governo.

“Mesmo para fatos ocorridos antes de 2008, os infratores ficam sujeitos a punição se não aderirem ou descumprirem os ajustes firmados nos termos de compromisso, medidas administrativas suscetíveis de execução, se não recompostas as áreas degradadas, sejam em áreas de preservação permanente ou reserva legal, para que o infrator seja transformado em agente de recuperação das áreas degradadas”, afirmou Cármen Lúcia em seu voto.

Fonte: G1












terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

MARTINE GRAEL E TRIPULAÇÃO DO BARCO TEAM AKZO NOBEL VENCEM A ETAPA DA VOR



Martine Grael a bordo do Team AKZO NOBEL.

A chegada na cidade de Auckland, Nova Zelândia.

TEAM AKZO NOBEL enfrenta as calmarias tropicais (Doldrums) do Pacífico. 

Martine encontra a Kahena Kunze em Auckland. As duas vão aproveitar o tempo livre na cidade para treinar de 49erFX.


Após uma dura velejada de 20 dias, o barco AKZO NOBEL, que conta com a medalhista olímpica Martine Grael na tripulação, venceu a etapa 6 da Volvo Ocean Race, entre Hong Kong e a Nova Zelândia. E o tio-coruja aqui, passou a última madrugada angustiado com a regata, acordando de vez em quando para torcer pela nossa Martine.

Que sufoco! É impressionante o nível de competitividade dos atuais barcos da Volvo Ocean Race. A opção da atual edição da VOR por barcos "one design", ou seja, barcos com o mesmo projeto, deu muito destaque às tripulações, pois são elas que fazem toda a diferença. Vence o melhor, aquele que tomou as melhores decisões, que teve a melhor performance e que também ... foi mais ajudado pela sorte!

Após 20 dias de regata, enfrentando calmarias e temporais, percorrendo o Oceano Pacífico de Norte a Sul, de Hong Kong à Auckland/Nova Zelândia, os barcos conseguiram chegar quase todos juntos, com pequena distância entre eles. Veja no quadro abaixo:




O AKZO NOBEL venceu com apenas 2:14 minutos de vantagem sobre o segundo colocado, o Scallywag. Ufa!!!

Veja mais alguns dados interessantes sobre o trecho 6 da regata:





Foi uma belíssima regata. Uma intensa disputa, em que as tripulações se desdobraram, manobrando seguidamente pela busca do melhor caminho, pelo melhor vento, pela melhor performance.

E que chegada! Martine. Assim, você mata o tio aqui do coração!!!

Axel Grael





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Reproduzo abaixo o texto do super-Murillo Novaes, falando sobre a vitória do TEAM AKZO NOBEL.



Parem as Máquinas! AkzoNobel, de Martine Grael, vence a 6ª etapa da VOR em Auckland.

Murillo Novaes

Na madruga kiwi, foi Martine e seus companheiros que cruzaram linha primeiro. Uhuu!

Esta terça-feira que se inicia em terras brasilis, já madrugada de quarta-feira na Nova Zelândia (GMT+13), é histórica para a vela tupiniquim. E novamente quem protagoniza o feito traz um sobrenome legendário nos mares nacionais e planetários: Grael.

Na primeira vez que um velejador brasileiro venceu uma etapa da regata de volta ao mundo, na Holanda, em 2006, o comando do inesquecível Brasil 1 estava com um Grael, Torben. Foi ele também, junto com Joca Signorini e Horácio Carabelli (uruguaio-catarinense), que colocou o Brasil no topo ao vencer a VOR 2008/9 no comando do sueco Ericsson 4. Agora, quando pela primeira vez uma velejadora de Pindorama chega à frente numa etapa da Volvo Ocean Race, é a filha dele, Martine, que tem a honra de seguir, renovar e ampliar a incrível saga familiar. Sem falar no já comemorado ouro olímpico no Rio ao lado da parceira Kahena Kunze, no 49erFX. Demais!! Vai Tine!!!

O AkzoNobel, da timoneira e trimmer Martine Grael, que disputou a liderança da sexta perna da regata milha a milha, com o Sun Hung Kai / Scallywag desde que os dois emergiram nas cabeças da flotilha depois de um golpe de ousadia ao rumar, há agora longínquos 20 dias, pro norte (N-NE) logo depois do estreito de Luzon, enquanto o resto da flotilha rumava pro sudeste (E-SE), chegou à frente em Auckland, na Nova Zelândia. sem falar nas jogadas finais de ambos, usando o modo stealth, quando podem ficar "invisíveis" por 12 horas. Bela batalha!

Martine que viveu e navegou muito de Optimist naquelas águas (ganhou umas reganhas, claro) por ocasião da America's Cup enquanto seu pai era tático do italiano Prada, já tinha previamente marcado um treino/retorno ao 49erFX com Kahena e as amigas/rivais kiwis para desenferrujar da vela olímpica. Vai fazê-lo com um largo sorriso agora!

Depois de mais de quase 6 mil milhas navegadas o AkzoNobel venceu com autoridade, com o Scallywag a apenas poucos minutos depois. Na cola, 4 míseras milhas atrás, vinha o Mapfre, que ultrapassou o Turn the Tide on Plastic nos minutos finais e trouxe o também fortíssimo Dongfeng na cola para desespero da zebra plástica da comandante Dee Caffari que chegou a parecer na liderança em algumas ocasiões depois do equador. Mais destacado, em último na perna, já que o acidentado (sempre ele, que coisa!) Vestasestá no estaleiro lá em Auckland mesmo, está o Team Brunel.

A próxima etapa, já com os sete barcos novamente, a maior, com mais de 7500 milhas, pontos dobrados e um ponto extra pro primeiro barco a montar o cabo Horn, deixa Auckland dia 18/3 e ruma direto pra Itajaí (onde este escriba/papagaio vélico estará novamente locutando tudo. Venham todos!). Vamos torcer!!! Brasil-il-il-il!!

Fui!!

Murillo Novaes










segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

OPORTUNIDADE: Instituto CCR lança edital de apoio a projetos culturais





Estão abertas até às 18 horas (horário de Brasília) do dia 26 de abril de 2018 as inscrições o processo seletivo do terceiro edital para patrocínio de projetos na área cultural, promovido pelo Instituto CCR. Os projetos escolhidos serão patrocinados com o montante de até R$ 300 mil cada, não sendo obrigatório que o patrocínio chegue a este valor.

O principal objetivo do apoio é promover a promoção cultural descentralizada das grandes capitais e fomentar a criação artística local, movimentando a economia criativa nos municípios no entorno das unidades de negócio administradas pelo Grupo CCR, companhia de concessões em infraestrutura.

Este ano, o edital contempla 217 cidades, incluindo as capitais dos Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia.

O regulamento completo e orientações para inscrições estão disponíveis neste link.

Fonte: FICA


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Terceiro Edital Instituto CCR de Projetos Culturais

Bem-vindo ao 3º Edital Instituto CCR de Projetos Culturais!

O Instituto CCR abre inscrições para um novo processo seletivo para patrocínio de projetos na área cultural.

O principal objetivo do 3º Edital do Instituto CCR é promover a promoção cultural descentralizada das grandes capitais e fomentar a criação artística local, movimentando a economia criativa nos municípios no entorno das unidades de negócio administradas pelo Grupo CCR, uma das maiores companhias de concessões em infraestrutura do mundo.

Este ano o Edital contempla 217 cidades, incluindo as capitais dos Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Bahia!

Serão avaliados somente os projetos que atendam a todos os requisitos do Edital.

Observe abaixo todos os requisitos para participar:

  • Período de inscrição de projetos: Das 10h00 (horário de Brasília) do dia 06 de fevereiro de 2018 até às 18h00 (horário de Brasília) do dia 26 de abril de 2018;
  • Os projetos escolhidos serão patrocinados com o montante de até R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) cada. Não é obrigatório que o patrocínio chegue a este valor, sendo este o limite estabelecido;
  • A inscrição de projetos neste Edital é exclusiva para proponentes que tenham CNPJ matriz registrado nos municípios listados e nas capitais São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba e Rio de Janeiro. A lista de municípios consta no Anexo I deste Edital;
  • Serão avaliados apenas projetos que, até o dia 26 de abril de 2018, já estejam aprovados na Lei Rouanet artigo 18 e publicados no Diário Oficial da União (DOU);
  • Não serão aceitas inscrições de projetos que aconteçam nas cidades listadas, mas que sejam de proponentes que estejam sediados em municípios não listados;
  • Não serão aceitas inscrições de proponentes registrados nas cidades listadas (vide regulamento), mas que queiram realizar projetos em municípios não previstos neste edital;
  • Não serão analisados projetos que estejam em desacordo com as exigências e condições estabelecidas neste edital. 

Faça o download do regulamento completo para participação no 3° Edital.

Para conferir os projetos contemplados no 2º Edital Instituto CCR, em 2017, clique aqui.

Boa sorte!


Fonte: Instituto CCR







CIÊNCIA DO DESASTRE: estudo faz o perfil da pesquisa em desastres naturais no mundo



Incêndios florestais em Santarém, no Pará… Adam Ronam


Estudo avalia a produção científica sobre catástrofes naturais no mundo e destaca a brasileira na área de hidrologia

BRUNO DE PIERRO

Um relatório divulgado em novembro pela editora holandesa Elsevier mostrou que, nos últimos cinco anos, foram publicados no mundo mais de 27 mil artigos em ciência do desastre, ramo que estuda o risco de catástrofes naturais e humanas. O número representa 0,22% do total de papers de todas as áreas do conhecimento, indexados na base de dados Scopus entre 2012 e 2016. A maioria dos artigos (9.571) trata de temas relacionados a desastres geológicos, como terremotos e deslizamentos de terra (ver gráfico). A análise dos trabalhos científicos indica que a frequência dos acidentes aumentou nos últimos 50 anos, em parte porque houve crescimento da população em áreas costeiras e de risco, além da intensificação de eventos associados aos extremos da variabilidade climática, como enchentes e secas.

Outro resultado foi a constatação de que a produção sobre desastres naturais é muito pequena em países emergentes fortemente atingidos por calamidades. Belize, na América Central, é um dos que mais sofreram perdas econômicas causadas por furacões, por exemplo; no entanto, apenas um artigo foi publicado sobre o tema por autores do país nos últimos anos. Outros casos são o Haiti, no Caribe, com apenas 42 papers publicados, e Madagascar, na África, que não registrou produção científica nesse campo. “É preciso estimular a pesquisa sobre desastres naturais, uma área nova em todo o mundo e que necessita da integração de várias disciplinas, das ciências naturais às sociais”, afirma Osvaldo de Moraes, diretor do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), órgão ligado ao governo federal, que participou do estudo da Elsevier.

O levantamento indica que a China é o país mais produtivo na área, com 6.301 artigos publicados, com ênfase em trabalhos sobre prevenção. Na sequência estão os Estados Unidos, com 6.287 trabalhos, boa parte tratando de respostas imediatas a acidentes e recuperação de áreas destruídas. Outros países de destaque são Reino Unido (1.351) e Japão (4.017). Este último se distingue pelo impacto dessa produção, avaliado por meio do número de citações – o Japão é o mais especializado em ciência do desastre, ao dedicar 0,66% de sua produção científica à área. O índice é 3 vezes maior do que a média global de 0,22%.


… alterações no regime de chuvas causadas pelo El Niño contribuíram para aumentar o período de seca na região em 2015. Adam Ronam.


O continente asiático é propenso a catástrofes naturais, o que contribuiu para que cientistas chineses e japoneses criassem competência na área. De acordo com o relatório, nove das 10 instituições mais prolíficas em ciência do desastre estão nesses dois países: a primeira é a Academia de Ciências da China; a segunda, a Universidade de Tóquio. A Universidade Columbia, nos Estados Unidos, é a primeira não asiática na lista.

No relatório observou-se que as atividades de pesquisa dos países tendem naturalmente a refletir os tipos de desastres que mais ocorrem em cada região. Por exemplo, o Japão se especializou em terremotos e tsunamis; os Estados Unidos, em desastres meteorológicos e biológicos; e a Índia, nos ambientais. Já o Brasil se destaca na pesquisa em catástrofes hidrológicas, como secas, enchentes e inundações, e também em deslizamentos de terra. Embora publique poucos artigos em ciência do desastre, quando comparado a países que já têm tradição nessa área, o Brasil não fica atrás em relação ao impacto de suas publicações. “O número de citações de trabalhos na área de eventos hidrológicos chega a ser maior do que a média nacional”, afirma Osvaldo de Moraes.

Destaque brasileiro

Ele explica que o país tem tradição nesse tipo de pesquisa. “Cada vez que se faz um estudo do impacto ambiental para a construção de uma usina hidrelétrica é também necessário avaliar os impactos climáticos na região e quais são as áreas passíveis de alagamento. Essa dinâmica fez com que, inevitavelmente, a pesquisa em desastres hidrológicos tenha se desenvolvido em paralelo com a utilização dos recursos hídricos para gerar energia elétrica”, observa Moraes. Isso não ocorreu, por exemplo, na área de catástrofes geológicas. A geologia brasileira voltou-se mais para a exploração petrolífera e mineral do que para estudos sobre movimentos de massa e ciência do solo.




Eventos extremos ocorridos nos últimos anos no Brasil, como um tornado que atingiu o estado de Santa Catarina, em 2009, e os deslizamentos que abalaram sete cidades da região serrana do Rio de Janeiro, em 2011, mobilizaram cientistas e tomadores de decisão. O Atlas brasileiro de desastres naturais, elaborado pela Universidade Federal de Santa Catarina em 2013, mostrou que, entre 2000 e 2009, foram registrados três vezes mais desastres no país do que na década anterior. Já projeções mais recentes apontam um aumento do risco de calamidades naturais, como enchentes, deslizamentos de terra e secas extremas, nas próximas décadas (ver Pesquisa FAPESP nº 249). “Aqui não há furacões e terremotos fortes, mas temos histórico de um número muito grande de desastres naturais de origem hidrometeorológica”, ressalta José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden. A instituição foi criada em 2011 com o objetivo de elaborar um plano de prevenção e enfrentamento de catástrofes em articulação com o governo federal.

Em linhas gerais, o Cemaden utiliza informações de meteorologia, geologia e hidrologia fornecidas, entre outros, pelo Instituto Nacional de Meteorologia, Agência Nacional de Águas e Serviço Geológico do Brasil para desenvolver modelos e detectar áreas de vulnerabilidade física no país. As informações são confrontadas com dados de vulnerabilidade social, como, por exemplo, os números de crianças e idosos na região, levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Cemaden conta com uma equipe de 30 pesquisadores e 60 técnicos responsáveis por criar os modelos e emitir alertas diários. “Por exemplo, toda política de carro-pipa e de bolsa-estiagem que o governo federal implementa no Nordeste é estruturada a partir de informações que o Cemaden repassa para a Casa Civil da presidência”, conta Moraes.




O papel de pesquisadores no processo de aconselhamento científico a governos foi um aspecto avaliado pela Elsevier. Segundo o levantamento feito pela editora, uma proporção substancial dos 27 mil artigos publicados em ciência do desastre nos últimos cinco anos tem um foco explícito nas políticas públicas: 7,5% dos papers tinham a palavra “política” no título, no resumo ou entre as palavras-chave. “A pesquisa em ciência do desastre está conseguindo cada vez mais influenciar os políticos”, disse à Pesquisa FAPESP o engenheiro Fumihiko Imamura, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Ciência de Desastre (IRIDeS), com sede na Universidade de Tohoku, no Japão. “No nosso caso, por exemplo, cientistas que atuam nessa área fazem parte do Conselho Central de Mitigação de Desastres, órgão do governo japonês responsável pela elaboração de políticas para a redução de riscos de desastres. É uma forma de garantir que a opinião dos pesquisadores seja ouvida antes que medidas sejam implementadas.”

Imamura explica que o IRIDeS atua em 38 campos do conhecimento. “Investigamos aspectos físicos que estão por trás de catástrofes naturais em escala global, como megaterremotos, tsunamis e condições climáticas extremas”, explicou. A instituição também atua na constituição de tecnologias de respostas a desastres e mitigação com base nas lições aprendidas em episódios como o ciclone Isewan, em 1959; o grande terremoto de Hanshin-Awaji, em 1995; e o terremoto seguido de tsunami, em 2011.

Colaborações

Para Imamura, o principal mérito do relatório da Elsevier é chamar a atenção para a necessidade de consolidar mais parcerias internacionais em ciência do desastre. Isso porque as nações com maiores taxas de mortes por desastres naturais, como o Haiti, tendem a ter baixo volume de produção acadêmica nessa área. “São países pobres que não têm orçamento suficiente para apoiar a capacidade científica. Essa é uma das razões pelas quais as pesquisas colaborativas internacionais devem ser altamente encorajadas e motivadas”, sugeriu Imamura. O engenheiro japonês ressaltou a contribuição que o Brasil pode dar. “Quase 50% dos desastres que ocorreram de 1995 a 2015 foram hidrológicos. O Brasil tem uma sólida capacidade de pesquisa nessa área e, por isso, pode desempenhar um importante papel em cooperações internacionais.”



Vista aérea da cidade de Sukuiso, após um forte terremoto, seguido de tsunami, atingir o Japão em 2011. US Navy.


Osvaldo de Moraes lembra que o Cemaden foi designado para coordenar um grupo de trabalho na área de prevenção e mitigação de desastres criado em 2015 pelo bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O Cemaden também tem parceria com o gabinete de Meteorologia do Reino Unido para desenvolver modelos de avaliação do impacto da seca no semiárido brasileiro. Outra colaboração é com o Joint Research Centre (JRC), da União Europeia, para aperfeiçoamento de sistemas de modelagem hidrológica.

Há desafios que tanto os pesquisadores brasileiros quanto os de outros países precisam enfrentar para consolidar a ciência do desastre, observa Gilberto Câmara, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais. “Realizar estudos sobre desastres naturais pressupõe uma disposição para trabalhar em ambientes interdisciplinares, o que nem sempre ocorre”, diz. “Avaliar possíveis riscos de desastres é algo complexo. Não basta saber que irá chover bastante em determinada região; é preciso saber também quem será atingido pela enxurrada. Isso exige que pesquisadores das ciências naturais trabalhem em conjunto com antropólogos e sociólogos”, explica Câmara, que foi eleito novo diretor do secretariado do Group on Earth Observations (GEO). Com sede na Suíça, o GEO é uma rede global de organizações governamentais, instituições de pesquisa e empresas, com a missão de criar soluções para a gestão de informações e dados relacionados à observação da Terra.

Uma das metas da instituição, conta Câmara, é promover o compartilhamento aberto de dados e modelos que ajudam a cumprir o Marco de Sendai para redução de riscos de desastres naturais, documento que busca incentivar a criação de estratégias para reduzir diminuir danos causados por catástrofes até 2020. “É necessário ampliar a troca de informações entre países e tornar os dados abertos sobre terremotos e enchentes, por exemplo. Só assim teremos condições de construir modelos melhores”, avalia Câmara.


Fonte: Revista Pesquisa FAPESP


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domingo, 25 de fevereiro de 2018

NITERÓI RESILIENTE: Defesa Civil de Niterói implementa sistema de prevenção à desastres naturais



Da direita para esquerda: Ryan Aguiar Costa Junior (Imagem) , Tenente Coronel Walace Medeiros (Defesa Civil de Niterói), Major Deyve Freitas Barret (Defesa Civil de Niterói) e Eber Ribeiro Pinto (Imagem).


Em novembro de 2017 foi oficializado o termo de cooperação entre a Secretaria Municipal de Defesa Civil de Niterói e a empresa Imagem, visando a aplicação do Sistema de Gestão de Imagens de Satélite e Aéreas de Alta Resolução e Alta Disponibilidade para Defesa Civil – SGIHD-DC.

“As expectativas da Secretaria Municipal de Defesa Civil de Niterói são as melhores e mais ambiciosas possíveis. A partir de um trabalho integrado, o termo prevê como ponto de partida as demandas existentes na Defesa Civil voltadas à execução de atividades preventivas e de redução de riscos de desastres, além de ferramentas de apoio à gestão das ações durante as emergências". Tenente Coronel, Walace Medeiros.


Sobre o SGIHD-DC

Em virtude das dimensões continentais do Brasil, os desastres naturais apresentam diversidade com relação às suas tipologias e distribuição das ocorrências. Tal diversidade implica em diferentes focos de atuação dos órgãos de Defesa Civil, os quais se adaptam para atender as distintas demandas locais, conforme características naturais da área onde atuam.

Pensando nisso, a empresa Imagem montou uma equipe técnica formada por especialistas em diversas temáticas relacionadas a estes desastres, desenvolvendo um produto dotado de grande flexibilidade, o qual pode ser moldado para atender especificamente as necessidades da defesa civil de cada município, o SGIHD-DC.

Destaques do SGIHD-DC

O SGIHD-DC consiste em um conjunto de ferramentas inovadoras capaz de auxiliar a Defesa Civil em diversas atividades, e gerar inúmeros benefícios aos gestores municipais e aos cidadãos do município, dentre os quais destacam-se:

- Acompanhamento da expansão no município, identificando novas ocupações em setores restritos, como áreas de risco, áreas de proteção ambiental, terrenos públicos etc;
- Identificação de setores com maior recorrência de desastres naturais;
- Delimitação de áreas atingidas por inundações de distintas intensidades;
- Planejamento de rotas de fuga, localização de abrigos e deslocamento para atendimento de ocorrências;
- Estimativa do número de moradores afetados pelo desastre;
- Subsídios à elaboração de planos de contingência.

O SGIHD-DC afeta diretamente na capacidade de resposta do município diante a presença de condições adversas, possibilitando o acompanhamento da situação e planejamento das abordagens a serem tomadas em situações de emergência.

Além de diversas vantagens, o sistema traz economia ao município, promovendo melhores direcionamentos nas ações e utilização dos recursos.
“Nessa parceria de um ano e meio, destacam-se as inovações de TI da Imagem para manipulação de imagens e georreferenciamento, onde a Defesa Civil de Niterói passará a contar com novos sistemas que resultarão no aumento significativo do potencial de resiliência do município". Tenente Coronel, Walace Medeiros.


Fonte: Portal Geo








Preservar a Amazônia gera empregos e paz para a América Latina



Homem rema em na Amazônia brasileira. Agência Brasil


Mariana Kaipper Ceratti

Programa de criação de áreas protegidas se expande para Peru e Colômbia. Objetivo seguinte é alcançar mais seis países

Tudo na Amazônia é colossal. Com uma área total estimada em 4 milhões de km2, ela cobre nove países da América do Sul. Sua biodiversidade inclui mais de 16 mil espécies de árvores conhecidas. Um quinto de toda a água do planeta está lá. Cerca de 22 milhões de pessoas habitam a área da Bacia Amazônica e tiram seu sustento dela.

Uma nova iniciativa para proteção da maior floresta tropical pluvial contínua do mundo também chama a atenção pela grandiosidade. O Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia compreende cinco projetos em três países da região: um no Brasil, dois na Colômbia e o mesmo número no Peru, que representam 83% da Bacia Amazônica. Esses foram os primeiros contemplados pela iniciativa, que começa com um investimento de US$ 113 milhões e aos poucos pretende se estender aos seis países restantes.

Só o projeto no Brasil, por exemplo, totaliza investimentos de US$ 60 milhões e foi assinado recentemente pelo governo brasileiro, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e a Conservação Internacional (CI-Brazil). O Banco Mundial, agência executora do Global Environment Facility (GEF), coordena o Programa ASL e lidera uma plataforma de intercâmbio de conhecimento e monitoramento.

Duas frentes, um objetivo: conservar a biodiversidade

Esse esforço tem duas frentes. A primeira é de continuidade ao Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), que completou 15 anos em 2017 e consiste na principal estratégia brasileira de conservação do bioma. Após criar e fortalecer a gestão de mais de 60 milhões de hectares de áreas protegidas, o projeto busca conectá-las, apoiar pequenos produtores rurais na implementação do Código Florestal e aprimorar o trabalho feito pelos governos dos nove estados amazônicos.

“Com tudo isso, o Brasil contribuirá para a implementação dos compromissos do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5º C acima dos níveis pré-industriais”, afirma Adriana Moreira, do Banco Mundial, coordenadora do ARPA e do programa regional Paisagens Sustentáveis da Amazônia.

A segunda frente é a de expansão internacional do trabalho desenvolvido desde 2002 com o ARPA. Um programa que conecte diferentes países obriga as autoridades locais a pensar de forma integral a Bacia Amazônica e sua biodiversidade, explica Adriana Moreira: “A Bacia representa uma grande reserva de água potável e essa visão ampla é fundamental para a utilização sustentável e a conservação do ecossistema”.

Levar em conta a biodiversidade e a dimensão humana também faz parte dessa iniciativa. Na Colômbia, por exemplo, os projetos do Programa Paisagens Sustentáveis da Amazônia têm foco na implantação de polos agroflorestais, espaços de produção familiar agrícola que possibilitam a gerar emprego e renda para as populações deslocadas pelos conflitos relacionados com o narcotráfico, além de contribuir para o processo de paz.

A exemplo do Brasil, com o ARPA, tanto o Peru quanto a Colômbia estão criando fundos de financiamento a longo prazo do sistema de áreas protegidas da Amazônia. Assim, será possível que esse trabalho de grande escala mantenha a sustentabilidade ao longo do tempo.

Mariana Kaipper Ceratti é produtora online do Banco Mundial
Fonte: El País












DOAÇÕES NO BRASIL: Relatório mostra como, quanto e para quem o brasileiro doa





Esta publicação traz alguns resultados selecionados da Pesquisa Doação Brasil, uma iniciativa coordenada pelo IDIS em parceria com um grupo de especialistas e atores relevantes para o campo da cultura de doação no Brasil.

É a primeira pesquisa de abrangência nacional a mapear os hábitos de doação dos indivíduos no Brasil.

Fonte: IDIS

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IDIS lança pesquisa sobre o cenário da doação no Brasil

Em novembro do ano passado, o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) convidou representantes do campo social e demais interessados para o lançamento dos resultados da pesquisa sobre a doação individual no país realizada pela Charities Aid Foundation (CAF), instituição sediada no Reino Unido e representada no Brasil pelo IDIS. O FICAS participou do evento realizado no Centro Ruth Cardoso, em São Paulo.

A pesquisa foi realizada com 1.313 pessoas acima dos 18 anos e com acesso a internet. Os resultados revelam um "cidadão generoso", que é motivado principalmente por: satisfação pessoal (51%), identificação com a causa (41%) e crença de que todos devem ajudar a resolver problemas sociais (40%). Entre as causas mais populares, se destacaram as organizações religiosas, que receberam o apoio de 49% das pessoas (o dízimo foi considerado doação), seguida do "apoio a crianças" (42%) e da "ajuda aos pobres" (20%).

"Os resultados mostram que as pessoas estão engajadas, sim, em mudar a sociedade para melhor. Um ponto de destaque para mim é perceber que não é a camada mais rica da população que tem disposto mais recursos do seu rendimento para colaborar com uma causa", afirma João Vitor Machado, da área da Mobilização de Recursos do FICAS.

A pesquisa revelou que o valor da doação média é de R$ 250 por ano. Esta média é mais alta entre a população de maior renda, porém as famílias de menor renda doam uma porcentagem maior: 1,2% da sua receita, enquanto famílias com rendimentos anuais acima de R$ 100 mil doam 0,4%.

A publicação "Giving Report 2017 Brasil" está disponível neste link.

Fonte: Ficas



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Principais Conclusões




As principais conclusões geradas por nossa análise sobre doações individuais no Brasil são as seguintes:

  • Mais de dois terços das pessoas pesquisadas doou dinheiro nos últimos 12 meses* (68%), seja doando a uma organização social, a uma igreja ou organização religiosa, ou patrocinando alguém (sem fins comerciais).
  • O apoio às organizações religiosas é a causa mais popular, com cerca de metade das pessoas pesquisadas fazendo doações dessa forma (49%).
  • A quantia típica (mediana) doada pelos que fizeram doações nos últimos 12 meses é de R$250.
  • Doar dinheiro diretamente na sede/escritório de uma organização social é a forma de doação mais popular (37%).
  • Mais da metade dos pesquisados (52%) fez trabalho voluntário nos últimos 12 meses, e o apoio a organizações religiosas também se mostrou a causa mais popular (40%).
  • Os brasileiros jovens, com idade entre 18 e 24 anos, apresentaram maior propensão fazer trabalho voluntário nas últimas quatro** semanas do que as pessoas mais velhas, com 41% tendo feito isso.
  • “Ter mais dinheiro” é o fator mais citado pelos pesquisados como incentivo a doar mais nos próximos 12 meses, com cerca de seis em dez (59%) dizendo que isso os encorajaria.

(*) O período de 12 meses cobre agosto/2016 a julho/2017
(**) O período de 4 semanas refere-se a semanas de junho e julho de 2017, variando de acordo com a data da entrevista.


Fonte: IDIS








QUEIMADAS NA AMAZÔNIA: Série revela a nova realidade das queimadas na Amazônia










O que está por trás do aumento das queimadas e os impactos da destruição da floresta em nossas vidas

DO OC – O Brasil está queimando. Prova disso é o número recorde de incêndios no ano passado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE: foram 275.120 incêndios em todo o país no ano passado, a maior parte deles concentrados na Amazônia (132.297). Foi o maior número de focos de calor em um ano desde o início da série histórica, no fim dos anos 1980. Para ajudar o público geral e os produtores rurais a entender a nova realidade do fogo na Amazônia, o Observatório do Clima publica a partir desta quarta-feira (7) a série de vídeos “Brasil, um país em chamas”.

O pesquisador sênior do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) Paulo Barreto, coprodutor da série, afirma que as queimadas estão primariamente relacionadas com o desmatamento para a expansão da fronteira agrícola e a grilagem de terras públicas. “Elas também têm ficado mais frequentes por causa das secas extremas, provavelmente devido às mudanças climáticas”, afirma.

Os episódios vão abordar as razões e os impactos do fogo aos produtores rurais, à biodiversidade, à saúde da população e ao transporte de pessoas e cargas. O que mudou de alguns anos para cá? A Amazônia está mais inflamável? De quem é a responsabilidade? Como evitar um estrago ainda maior e o que você tem a ver com isso?

Os vídeos serão publicados toda quarta-feira no canal do OC no Youtube e podem ser acessados diretamente por aqui: primeiro episódio, segundo episódio










"DEFICIT DE CIDADANIA", artigo de Sérgio Magalhães





Sérgio Magalhães

Saibamos aproveitar uma eventual atenuação da violência e do medo, a fim de buscarmos novos caminhos para a construção de uma paz duradoura

A resposta para a violência urbana não se dará no curto prazo, sabemos, o que não exclui a necessidade de medidas de emergência. Mas, tal como ocorreu com as UPPs, não serão suficientes. Também não se trata de complementá-las com um “banho de governo” nas áreas hoje dominadas. A resposta é mais complexa: precisamos de um novo acordo político.

A vida em cidade é prova da disponibilidade da humanidade para o convívio e o bem-estar. Imagine: quantas graves questões de convivência podem ocorrer em uma família? Em um edifício, em um bairro? No caso de uma metrópole como o Rio, onde vivem 12 milhões? Que milagre é esse que permite a convivência?

O compartilhamento de valores morais e éticos, que constroem a coesão social, é o cerne do poder viver em paz. Não é a repressão que faz a paz. Vivemos em um mundo totalmente acessível e interligado; não é mais possível desconhecer os legítimos direitos de cidadania. Nessa sociedade aberta, como desejamos, a coesão é obra política.

O sociólogo-historiador Jorge Caldeira, no instigante “História da riqueza no Brasil”, reuniu estudos que demonstram como foi desconsiderado o papel da sociedade de economia não exportadora, distribuída pelo território, desde os tempos coloniais. Também no Império prevaleceu tal percepção: “Tanto quanto os costumes dos súditos analfabetos, tudo que se referia aos interesses do mercado interno era invisível para o governo imperial”.

Esse entendimento ainda vigora. As políticas hegemônicas no Brasil continuam reforçando as desigualdades de renda, como mostram recentes relatórios divulgados pelo Ipea e por pesquisadores liderados por Thomas Piketty, e como fica explicitado no quadro urbano brasileiro.

De fato, o fenômeno da urbanização e da metropolização, que ocorre desde meados do século XX, de gigantesca potencialidade econômica e social, não foi bem compreendido pelos governantes e pela própria sociedade brasileira. O país não deu bola para suas cidades. Dando continuidade ao roteiro histórico da exclusão, relegaram à própria sorte grandes parcelas de sua população e de seu território urbano.

Esse abandono pelos órgãos públicos sinaliza para bandidos: “podem dominar!” A evidência é a Zona Norte suburbana do Rio. Tendo detido 45% das indústrias do município e o segundo polo em ICMS, com grande capacidade de pequenos empreendedores e enorme atividade cultural, permanece abandonada, com muitas áreas dominadas, inviabilizando o seu desenvolvimento.

Políticas assim concebidas não correspondem ao esforço das famílias nem apoiam a qualidade urbana. É exemplo a dita política habitacional: 80% das moradias são produzidas sem financiamento, na poupança do tijolo a tijolo, enquanto os recursos são destinados às empreiteiras, que produzem os 20% restantes. E, quando se noticia que houve crescimento na venda a varejo de materiais de construção, fruto desse esforço popular, o sindicato empresarial da construção informa que houve queda no emprego em 2017, reivindicando mais verbas. Para construir o quê? Conjuntos residenciais segregados, longe de tudo, logo dominados.

A segurança tem vasto campo a ser corrigido, é óbvio; quiçá a intervenção federal melhore algumas áreas. Mas a crise é do sistema urbano brasileiro por déficit de cidadania, que se manifesta no Rio de modo agudo. Saibamos aproveitar uma eventual atenuação da violência e do medo para buscarmos novos caminhos para a construção de uma paz duradoura.

Teremos eleições daqui a poucos meses. Que elas possam levar à promoção de novos acordos, aqueles que firmarão o compromisso de incorporação de toda a cidade ao estado democrático. Não é trabalho para alguns meses, por certo. Nem para partidarização política. Como nunca antes na nossa história, é essencial promover o encontro do país com a sua cidadania.

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“Sir, se deseja ter uma ideia exata da magnitude desta cidade, não basta ver suas amplas praças e ruas, mas sim examinar detidamente os inúmeros becos e ruelas. É aí que consiste a maravilhosa imensidão de Londres”. Que esta compreensão do escritor oitocentista inglês Samuel Johnson possa nos ajudar a refletir sobre o futuro que queremos para nossas cidades.

Sérgio Magalhães é arquiteto


Fonte: O Globo













Antes dos portugueses, SP teve floresta tropical, Cerrado e mini-Pantanal



A BBC Brasil elaborou um mapa inédito da flora paulistana original marcada pela diversidade de biomas antes da colonização | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


João Fellet

Antes da chegada dos portugueses, quem caminhasse alguns quilômetros pelo território da atual cidade de São Paulo poderia cruzar florestas tropicais com bromélias, orquídeas e árvores de até 45 metros de altura, campos cerrados com espécies de troncos grossos e galhos retorcidos, araucárias e arbustos típicos da região Sul e várzeas de rios que lembravam o Pantanal.

A extraordinária variedade da flora nativa - em parte moldada pelos indígenas que habitavam a área e hoje confinada a poucas ilhas na zona urbana - atraía para a região um conjunto igualmente diverso de animais, entre os quais onças-pintadas, tucanos-de-bico-verde, micos-leões-pretos e veados-catingueiros.

A partir de relatos históricos, de estudos do botânico Ricardo Cardim e de informações etimológicas, a BBC Brasil produziu um mapa inédito das formações vegetais de São Paulo antes da colonização. A ilustração, a cargo do artista Leandro Lopes de Souza, busca recriar a paisagem contemplada da colina onde, em 25 de janeiro de 1554, padres jesuítas celebraram a missa que passou para a história como o ato de fundação da cidade.

Segundo Cardim, daquele morro, na confluência dos rios Tamanduateí e Anhangabaú, tinha-se "uma das melhores vistas do Brasil".

"São Paulo era um local extraordinário porque justamente havia essa contraposição de campos, florestas, rios produtivos e muita caça - não por acaso os índios escolheram viver aqui", afirma o pesquisador, que está finalizando um livro sobre a vegetação original da cidade.



Cerrado e araucárias eram parte da vegetação paulistana | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


No linguajar botânico, São Paulo era um ecótono, ou seja, um ponto de encontro de diferentes biomas. Cardim diz que havia na cidade trechos da Mata Atlântica, vegetação característica do litoral brasileiro, de matas mistas de araucárias, bioma típico do Sul, e do Cerrado, formação predominante no Centro-Oeste.

Ele afirma ainda que nos cerrados paulistanos se achavam plantas do Pampa, bioma do Rio Grande do Sul, e que as várzeas dos rios Tietê e Pinheiros - os maiores da cidade - se assemelhavam ao Pantanal mato-grossense.

A localização de São Paulo - entre a costa e o Planalto Central brasileiro e no limite entre as zonas tropical e subtropical - favoreceu a diversidade de biomas. Também contribuíram sua variedade de solos e topografia irregular (a diferença entre o ponto mais alto da zona urbanizada da cidade, a Vila Mariana, e as águas do Tietê chega a 109 metros, segundo um estudo do geógrafo Aziz Ab'Sáber).


Guarapiranga, onde há hoje uma represa, vem da união entre guará (garça) e piranga (vermelha), provável referência à espécie Eudocimus ruber | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Moldada por incêndios

Quando os primeiros exploradores portugueses venceram a Serra do Mar, encontraram na futura capital paulista três aldeias indígenas, do povo Tupiniquim.

Em Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo, o historiador americano John Manuel Monteiro conta que os povoados não eram fixos: conforme o solo empobrecia e a caça rareava, as comunidades buscavam outras áreas.

Segundo o botânico Ricardo Cardim, sucessivos incêndios - naturais e provocados pelos indígenas - ajudam a explicar a presença de cerrados na paisagem original paulistana. O fogo impedia o adensamento da vegetação e favorecia a sobrevivência de árvores resistentes, com troncos grossos, típicas do bioma.

Cardim diz que os indígenas recorriam ao fogo para abrir clareiras para roças, encurralar animais na caça ou renovar a vegetação campestre. A rebrota atraía herbívoros, entre os quais cervos, que também eram caçados pelos grupos.


A extraordinária variedade da flora nativa atraía para a região um conjunto igualmente diverso de animais, entre os quais onças-pintadas, tucanos-de-bico-verde, micos-leões-pretos e veados-catingueiros | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Os incêndios comiam as bordas das florestas e as deixavam com formato circular - daí, segundo o botânico, o nome do bairro Capão Redondo, na zona sul da cidade. Havia muitos outros capões (do tupi kaa'pãu, ilha de mato) pelo território.

No início do século 17, a fauna local ainda parecia bem preservada. Segundo o pesquisador, moradores eram alertados sobre os riscos de caminhar nas vias paulistanas "porque havia onças que comiam gente".

Dizia-se que várias delas moravam na serra da Cantareira e desciam até a várzea do Tietê para caçar. Há relatos sobre a presença dos felinos até na região da atual avenida Paulista, então coberta por uma floresta densa, chamada pelos indígenas de caaguaçu (matagal, em tupi). Um trecho da antiga mata deu origem ao Parque Trianon, um dos raros locais na zona urbana que preservam a vegetação original.

Outra área de mata fechada ficava no vale do Anhangabaú, no atual centro da cidade, onde índios escravizados costumavam buscar refúgio. Dessa floresta, nada restou.


| Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Árvores-bairros

Cambucis e araucárias, que antes cobriam várias partes da cidade, também desapareceram. A primeira espécie, comum nas matas ciliares paulistanas, atraía antas ao frutificar e batizou um bairro da região central.

A segunda, hoje restrita à região Sul e a algumas serras do Sudeste, se espalhava por todos os biomas da cidade. Resistente a incêndios brandos e importante para a alimentação dos indígenas, que consumiam sua semente, o pinhão, a árvore é a razão por trás do nome do bairro Pinheiros.

Outros endereços paulistanos com nomes em tupi dão pistas sobre a riqueza das paisagens nativas, conforme o dicionário tupi-português de Luiz Caldas Tibiriçá (curiosamente, também se chamava Tibiriçá o cacique da antiga aldeia Inhapuambuçu, nas imediações do atual Pateo do Colégio).


Ilustração de uma murici; hoje, segundo o botânico Cardim, o cerrado paulistano sobrevive em apenas três faixas de terra na zona oeste | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Guarapiranga, onde há hoje uma represa, vem da união entre guará (garça) e piranga (vermelha), provável referência à espécie Eudocimus ruber. M'Boi Mirim, atual estrada na zona sul, é uma possível derivação de mboia mirim, cobra pequena.

Ibirapuera pode vir da junção de ybyrá, árvore, e puera, sufixo que indica passado, algo "que foi" - possível menção ao charco com troncos secos (que já foram árvores) onde se criou o principal parque da cidade, drenado após o plantio de eucaliptos australianos.


Localização de São Paulo favoreceu a diversidade de biomas e a presença do jerivá | Ilustração: Leandro Lopes de Souza

Ipiranga, cujas margens plácidas ouviram o brado retumbante, é rio vermelho - e que, como tantos outros cursos d'água paulistanos, foi canalizado conforme a cidade crescia.

O bioma paulistano mais golpeado pela urbanização foi o Cerrado, que, segundo Cardim, se estendia por boa parte da cidade atual, incluindo trechos dos bairros do Ipiranga, Bela Vista, Luz, Butantã, Vila Mariana e a região do aeroporto de Congonhas.


Cambucis e araucárias, que antes cobriam várias partes da cidade, também desapareceram | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


A formação foi descrita no fim do século 16 por um antepassado do botânico - e que, embora padre, deixou herdeiros no Brasil -, o jesuíta português Fernão Cardim. Em visita à então vila de Piratininga, embrião da São Paulo contemporânea, ele comparou a vegetação à do país natal.

"É terra de grandes campos e muito semelhante ao sítio de Évora, na boa graça, e campinas, que trazem cheia de vacas, que é formosura de ver", descreveu numa carta ao superior eclesiástico. "Esta terra parece um novo Portugal", concluiu, encantado.

Hoje, segundo o botânico Cardim, o cerrado paulistano sobrevive em apenas três faixas de terra na zona oeste - duas delas na Cidade Universitária e uma no Jaguaré.

Uma boa amostra da formação original está no Parque Estadual do Juquery, no município vizinho de Franco da Rocha. Para Cardim, trata-se da "última joia incrustada (na região metropolitana de São Paulo) que conserva o cerrado perfeito", onde se encontram espécies como pequizeiros, palmeiras macaúbas e muricis.


Mesmo que São Paulo ficasse desabitada e suas construções fossem demolidas, jamais recuperaria os biomas originais; na imagem, cambucis | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Floresta cultural

Ao longo do desenvolvimento de São Paulo, as árvores nativas foram cedendo espaço não só para construções, mas também para espécies exóticas. Hoje, de acordo com Cardim, 90% das plantas da cidade são estrangeiras.

"Somos como aqueles cariocas que há cem anos andavam de cartola e casaco de pele na beira da praia porque queriam ser franceses. O paulistano, no que se refere ao paisagismo e às áreas verdes, quer ser tudo, menos brasileiro."

Por isso, diz o botânico, mesmo que São Paulo ficasse desabitada e suas construções fossem demolidas, jamais recuperaria os biomas originais.


No linguajar botânico, São Paulo era um ecótono, um ponto de encontro de diferentes biomas; acima, jabuticabeira | Ilustração: Leandro Lopes de Souza

Ele afirma que as antigas áreas de Cerrado seriam sufocadas por capins estrangeiros e que não haveria mais incêndios para manter o equilíbrio do bioma.

Com o tempo, diz ele, a cidade seria tomada por uma floresta densa - "mas não uma Mata Atlântica natural, e sim uma floresta cultural, que refletiria nossas escolhas enquanto sociedade e serviria como um registro da nossa passagem por aqui".


A localização de São Paulo - entre a costa e o Planalto Central brasileiro e no limite entre as zonas tropical e subtropical - favoreceu a diversidade de biomas | Ilustração: Leandro Lopes de Souza


Fonte: BBC Brasil